domingo, 13 de julho de 2025

2 FILMES

                      

Antonio Carlos Egypto


   


         

YÖG ÃTAK: MEU PAI KAIOWÁ.  Brasil, 2024.  Direção: Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luísa Lanna.  Documentário.  94 min.

 

“Meu Pai Kaiowá” não é apenas um filme sobre indígenas, mas também feito por eles próprios.  A direção do filme, que é um documentário, é dos indígenas Sueli Maxakali e Isael Maxakali, com a colaboração do antropólogo Roberto Romero e da montadora e professora Luísa Lanna.  A história recuperada agora remete aos tempos da ditadura militar, que promovia deslocamentos indígenas à força, separando-os de suas bases originais e de suas famílias.  Isso foi feito por agentes do então chamado (imaginem!) Serviço de Proteção aos Índios.  No caso, a cineasta Sueli e sua irmã Maíza saíram em busca de reencontrar o pai, Luiz Kaiowá, separado delas há 40 anos.  O reencontro é difícil, porque ele já havia deletado a própria família, envergonhado e raivoso pelo que lhe sucedeu.  Recluso e resistente, ele acaba conversando sobre a sua história cheia de medo e dor.  Sua vida durante a ditadura militar partiu da região que hoje é Mato Grosso do Sul, passou por São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e fixou-se por 15 anos no Posto Indígena de Minas Gerais, onde casou-se e teve as duas filhas.  Em seguida, houve novo deslocamento forçado à sua terra de origem, sem a família.  Esse tipo de ação da ditadura é pouco conhecido e divulgado.  É apenas mais uma das atitudes desumanas, maldosas, que vigoraram naquele período autoritário que durou 21 anos e deixa estragos até o dia de hoje.  Quanto ao filme, é corajoso na denúncia, tem o ritmo de vida dos indígenas, soluções cinematográficas algo estranhas, mas merece ser conhecido, antes de mais nada, por sua autenticidade.

 




F1 (F1, The Movie).  Estados Unidos, 2025.  Direção: Joseph Kosinski.  Elenco: Brad Pitt, Javier Bardem, Damson Idris. 156 min.

 

Não é preciso gostar de automobilismo ou de Fórmula 1 para curtir o espetáculo das corridas no cinema.  Não só das corridas, mas das relações que se estabelecem nesse ambiente onde a grana dá o tom.  As disputas fora das pistas, a tentativa de colaborar como equipe num contexto que é eminentemente competitivo, o que se dá quando um veterano volta e um jovem talento já vai conquistando seu espaço.  Tudo isso num esporte que mobiliza equipamentos caros, complicados e sujeitos às perdas decorrentes de acidentes que, claro, fazem parte integrante desse esporte.  Para quem gosta de ação, é um prato cheio.  Para quem quer aprender um pouco sobre as regras da Fórmula 1, também.  Os atores que protagonizam o espetáculo merecem cumprimentos pelo belo desempenho.  A começar por Brad Pitt, que exerce um chamariz comercial para o filme por sua história como ator e seu charme. Ele está ótimo como o veterano que volta a correr na Fórmula 1, depois de um bom tempo.  Damson Idris, o novato, está muito bem no papel.  E o contratante dos pilotos, com seus problemas financeiros e expectativas, é ninguém menos do que o excelente ator espanhol Javier Bardem.  Por outro lado, o filme apresenta velhos clichês, como o daquele que já se sente quase aposentado que é impelido à volta às pistas e ao confronto com o novato que não domina tão bem seus limites.  Por ser jovem, arrisca-se demais.  Experiência versus juventude.  A previsibilidade do desfecho também é um elemento que incomoda, embora haja alguma inovação aí.  Mas o filme resiste por seu caráter de espetáculo, muito bem realizado.

 

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