Antonio Carlos Egypto
YÖG ÃTAK: MEU PAI KAIOWÁ. Brasil, 2024.
Direção: Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luísa
Lanna. Documentário. 94 min.
“Meu Pai Kaiowá” não é apenas um filme sobre
indígenas, mas também feito por eles próprios.
A direção do filme, que é um documentário, é dos indígenas Sueli
Maxakali e Isael Maxakali, com a colaboração do antropólogo Roberto Romero e da
montadora e professora Luísa Lanna. A
história recuperada agora remete aos tempos da ditadura militar, que promovia deslocamentos
indígenas à força, separando-os de suas bases originais e de suas
famílias. Isso foi feito por agentes do
então chamado (imaginem!) Serviço de Proteção aos Índios. No caso, a cineasta Sueli e sua irmã Maíza
saíram em busca de reencontrar o pai, Luiz Kaiowá, separado delas há 40 anos. O reencontro é difícil, porque ele já havia
deletado a própria família, envergonhado e raivoso pelo que lhe sucedeu. Recluso e resistente, ele acaba conversando
sobre a sua história cheia de medo e dor.
Sua vida durante a ditadura militar partiu da região que hoje é Mato
Grosso do Sul, passou por São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e fixou-se
por 15 anos no Posto Indígena de Minas Gerais, onde casou-se e teve as duas
filhas. Em seguida, houve novo
deslocamento forçado à sua terra de origem, sem a família. Esse tipo de ação da ditadura é pouco
conhecido e divulgado. É apenas mais uma
das atitudes desumanas, maldosas, que vigoraram naquele período autoritário que
durou 21 anos e deixa estragos até o dia de hoje. Quanto ao filme, é corajoso na denúncia, tem
o ritmo de vida dos indígenas, soluções cinematográficas algo estranhas, mas merece
ser conhecido, antes de mais nada, por sua autenticidade.
F1 (F1, The Movie). Estados Unidos, 2025. Direção: Joseph Kosinski. Elenco: Brad Pitt, Javier Bardem, Damson
Idris. 156 min.
Não é preciso gostar de automobilismo ou de Fórmula
1 para curtir o espetáculo das corridas no cinema. Não só das corridas, mas das relações que se
estabelecem nesse ambiente onde a grana dá o tom. As disputas fora das pistas, a tentativa de
colaborar como equipe num contexto que é eminentemente competitivo, o que se dá
quando um veterano volta e um jovem talento já vai conquistando seu espaço. Tudo isso num esporte que mobiliza
equipamentos caros, complicados e sujeitos às perdas decorrentes de acidentes
que, claro, fazem parte integrante desse esporte. Para quem gosta de ação, é um prato
cheio. Para quem quer aprender um pouco
sobre as regras da Fórmula 1, também. Os
atores que protagonizam o espetáculo merecem cumprimentos pelo belo
desempenho. A começar por Brad Pitt, que
exerce um chamariz comercial para o filme por sua história como ator e seu
charme. Ele está ótimo como o veterano que volta a correr na Fórmula 1, depois
de um bom tempo. Damson Idris, o novato,
está muito bem no papel. E o contratante
dos pilotos, com seus problemas financeiros e expectativas, é ninguém menos do
que o excelente ator espanhol Javier Bardem.
Por outro lado, o filme apresenta velhos clichês, como o daquele que já
se sente quase aposentado que é impelido à volta às pistas e ao confronto com o
novato que não domina tão bem seus limites.
Por ser jovem, arrisca-se demais.
Experiência versus juventude. A
previsibilidade do desfecho também é um elemento que incomoda, embora haja
alguma inovação aí. Mas o filme resiste
por seu caráter de espetáculo, muito bem realizado.
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