Antonio Carlos Egypto
Hoje pela
manhã me deparei com a melhor notícia que poderia esperar. Sim, AINDA ESTOU AQUI foi indicado
entre os 5 como melhor filme internacional.
Foi também indicado entre os 10 como melhor filme, um fato inédito e
consagrador. E Fernanda Torres, entre as
5 indicadas como melhor atriz. É o
reconhecimento internacional a um grande filme brasileiro, já um dos mais
importantes da nossa história. E que vem
na hora certa para celebrar a democracia, no mesmo momento em que o país
investiga e pune uma tentativa de Golpe de Estado e de combate ao Estado
Democrático de Direito. É também um
momento em que a memória da ditadura militar está menos presente e sua
lembrança é distorcida pela extrema-direita, que chega ao disparate de louvá-la
e defender a tortura e a morte como métodos políticos.
A família de
Rubens Paiva, engenheiro e deputado cassado, viveu o que muitas famílias
viveram no período ditatorial. O
sequestro, prisão sem reconhecimento, tortura, morte e ocultação do cadáver dos
que eram chamados “subversivos”, simplesmente por discordarem ou lutarem contra
aquela opressão toda, com as armas que pudessem. A ditadura não foi branda e
não agia somente contra os que a enfrentaram por meio da luta armada, como
algumas narrativas pretendem afirmar.
O caso do ex-deputado
Rubens Paiva é emblemático por ser uma pessoa branca, de classe média alta, de
pensamento progressista, com mulher e cinco filhos em sua família constituída,
que tinha uma casa aberta aos amigos e familiares e que nenhum mal poderia
causar à sociedade ou ao país.
Certamente, contribuiu para ajudar, proteger os perseguidos do regime,
em atitude humana e digna.
Marcelo
Rubens Paiva, ao escrever essa história terrível de sua família, no livro que
inspirou o filme “Ainda Estou Aqui”, focalizou em sua mãe, Eunice. Ela é o
centro da narrativa do belíssimo trabalho de Walter Salles, numa interpretação
brilhante de Fernanda Torres, que já recebeu todo o reconhecimento internacional
pelo seu desempenho no filme. Selton Mello foi seu grande parceiro, excelente
na criação que fez de Rubens Paiva. Foi a perda progressiva de memória de
Eunice, por conta do Alzheimer, que motivou Marcelo a recuperar as memórias do
país, que não poderiam se perder. Os efeitos estão aí, visíveis, e ainda há
muito o que contar e resgatar, papel que esse filme notável está desempenhando
em nível mundial.
Os prêmios que “Ainda Estou Aqui” vem acumulando nos festivais em todo o mundo, coroados pelo de atriz no Globo de Ouro, são importantes para o Brasil e para o cinema brasileiro. O Oscar, tradicional prêmio da indústria do cinema norte-americano e, por extensão, da língua inglesa, tem papel muito relevante no mercado e na imagem e carreira dos artistas agraciados. Repara, de algum modo, a injustiça cometida com Fernanda Montenegro há 25 anos. É entusiasmante ver que um grande filme brasileiro consegue alcançar essa meta também.
A conquista
já se deu, é hora de comemorar. Não
custa torcer por uma vitória ainda maior, quando as estatuetas do Oscar
estiverem sendo distribuídas em 02 de março de 2025, domingo de Carnaval. Afinal, tudo é possível. Por que não?
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