quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

OLHA O OSCAR AÍ, GENTE!

       Antonio Carlos Egypto

 


Hoje pela manhã me deparei com a melhor notícia que poderia esperar.  Sim, AINDA ESTOU AQUI foi indicado entre os 5 como melhor filme internacional.  Foi também indicado entre os 10 como melhor filme, um fato inédito e consagrador.  E Fernanda Torres, entre as 5 indicadas como melhor atriz.  É o reconhecimento internacional a um grande filme brasileiro, já um dos mais importantes da nossa história.  E que vem na hora certa para celebrar a democracia, no mesmo momento em que o país investiga e pune uma tentativa de Golpe de Estado e de combate ao Estado Democrático de Direito.  É também um momento em que a memória da ditadura militar está menos presente e sua lembrança é distorcida pela extrema-direita, que chega ao disparate de louvá-la e defender a tortura e a morte como métodos políticos.

 

A família de Rubens Paiva, engenheiro e deputado cassado, viveu o que muitas famílias viveram no período ditatorial.  O sequestro, prisão sem reconhecimento, tortura, morte e ocultação do cadáver dos que eram chamados “subversivos”, simplesmente por discordarem ou lutarem contra aquela opressão toda, com as armas que pudessem. A ditadura não foi branda e não agia somente contra os que a enfrentaram por meio da luta armada, como algumas narrativas pretendem afirmar.

 

O caso do ex-deputado Rubens Paiva é emblemático por ser uma pessoa branca, de classe média alta, de pensamento progressista, com mulher e cinco filhos em sua família constituída, que tinha uma casa aberta aos amigos e familiares e que nenhum mal poderia causar à sociedade ou ao país.  Certamente, contribuiu para ajudar, proteger os perseguidos do regime, em atitude humana e digna.

 

Marcelo Rubens Paiva, ao escrever essa história terrível de sua família, no livro que inspirou o filme “Ainda Estou Aqui”, focalizou em sua mãe, Eunice. Ela é o centro da narrativa do belíssimo trabalho de Walter Salles, numa interpretação brilhante de Fernanda Torres, que já recebeu todo o reconhecimento internacional pelo seu desempenho no filme. Selton Mello foi seu grande parceiro, excelente na criação que fez de Rubens Paiva. Foi a perda progressiva de memória de Eunice, por conta do Alzheimer, que motivou Marcelo a recuperar as memórias do país, que não poderiam se perder. Os efeitos estão aí, visíveis, e ainda há muito o que contar e resgatar, papel que esse filme notável está desempenhando em nível mundial.

 


Os prêmios que “Ainda Estou Aqui” vem acumulando nos festivais em todo o mundo, coroados pelo de atriz no Globo de Ouro, são importantes para o Brasil e para o cinema brasileiro.  O Oscar, tradicional prêmio da indústria do cinema norte-americano e, por extensão, da língua inglesa, tem papel muito relevante no mercado e na imagem e carreira dos artistas agraciados. Repara, de algum modo, a injustiça cometida com Fernanda Montenegro há 25 anos.  É entusiasmante ver que um grande filme brasileiro consegue alcançar essa meta também.

 

A conquista já se deu, é hora de comemorar.  Não custa torcer por uma vitória ainda maior, quando as estatuetas do Oscar estiverem sendo distribuídas em 02 de março de 2025, domingo de Carnaval.  Afinal, tudo é possível.  Por que não?



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