Antonio Carlos Egypto
PÉROLA. Brasil, 2022.
Direção: Murilo Benício. Elenco:
Drica de Moraes, Leonardo Fernandes, Rodolfo Vaz, Cláudia Missura. 90 min.
“Pérola” é a
história de uma mãe, daquelas muito especiais, pelo estilo de se comportar,
pela dedicação à casa e à família, mas também pelas excentricidades e pelo
apelo ao álcool, à bebida, como combustível diário da eletricidade dessa
figura. Seria preciso uma grande atriz
para dar conta desse papel. O filme
“Pérola” conta com Drica de Moraes brilhante, luminosa. Só ela já vale o filme.
O personagem
central da história, ou melhor, o que conduz a trama e nos mostra quem é Pérola
é, na verdade, seu filho Mauro, papel de Leonardo Fernandes, excelente, também.
Mauro, o
filho, é o escritor e dramaturgo Mauro Rasi (1949-2003), que se colocou na peça
teatral que escreveu com muita honestidade, com uma riqueza de detalhes de sua
vida familiar (e também profissional, artística) e conquistou o público no teatro. “Pérola” foi um sucesso teatral enorme e é o
que impulsionou sua adaptação ao cinema.
Era um
risco, até porque o texto contava com a reação direta do público numa série de
situações curiosas, engraçadas, provocantes, e que pressupunham identificação
da plateia com aquela realidade, bastante familiar, do interior de São Paulo,
da Bauru de origem de Mauro Rasi e de acolhida ao seu retorno. Ou não.
Ou, talvez, quem sabe.
A adaptação
deu certo, flui bem, creio que vai provocar envolvimento do público, semelhante
ao que se deu no teatro, e do qual fui testemunha na época. Mérito de Murilo Benício, o diretor, que a
maioria das pessoas conhece como ator, mas que já mostrou seu talento de
cineasta em “O Beijo no Asfalto”, de 2018, em que fez uma versão em
construção do texto de Nelson Rodrigues muito eficiente e criativa. Atuou também como roteirista nesse filme e em
“Pérola”.
A Pérola da
peça teatral foi Vera Holtz, num papel marcante e inesquecível, mas Drica de
Moraes faz jus ao mesmo papel no cinema.
Não vou comparar Rodolfo Vaz com Sérgio Mamberti, que chegou a fazer o
pai de Mauro no teatro. Dizer apenas que
a atuação de Rodolfo, como o marido que não só admira como faz escada
para a mulher, ou seja, oferece a ela todas as condições de brilhar e de se
destacar, incluindo os drinques especiais que cria, é muito bom e cativante
também.
O filme tem
tudo para funcionar bem para um público amplo, é diversão de qualidade e bem
inteligente. Resta saber se chegará ao
número de pessoas que poderiam apreciá-lo.
Aí vai depender do lançamento, do marketing, essas coisas. Torço pelo sucesso do filme, reeditando o do
teatro. Antes de mais nada, porque o
texto de Mauro Rasi faz por merecer, mais uma vez.
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