ELIS & TOM, SÓ TINHA DE SER COM VOCÊ,
dirigido por Roberto de Oliveira, com roteiro de Nelson Motta, é um
documentário que encanta qualquer um que tenha sensibilidade musical. Vai em busca de resgatar uma experiência de
1974, já tem quase 50 anos, quando Elis Regina, ao completar 10 anos de
carreira artística, muitíssimo bem-sucedida, ganha de presente de sua gravadora
o projeto de realizar um disco histórico ao lado de Antônio Carlos Jobim,
reconhecidamente compositor maior da nossa música. Além de maestro, arranjador e instrumentista
exímio. Figuras emblemáticas que tinham
de se entender para produzir juntas o que, hoje sabemos, seria um dos mais
importantes discos de toda a história da música popular brasileira. Como o filme conta, não foi fácil. César Camargo Mariano, pianista e arranjador
no disco, relata sua epopeia naquele estúdio MGM de Los Angeles, Califórnia,
onde o disco foi realizado, com um clima de liberdade muito diferente daquele
que existia no Brasil, com a ditadura militar.
Músicos brilhantes, que participaram do disco, também contam bastidores
da produção, enquanto o filme nos lembra quem eram e o que faziam Elis e Tom,
separados e reunidos nesse trabalho. A
música da melhor qualidade possível e imaginável toma conta da tela e dos
nossos ouvidos de forma arrebatadora.
Sei que estou me valendo de adjetivos até pomposos para falar desse
documentário. Mas, podem crer, o filme
vale tudo isso. Ganhou o prêmio da
Crítica na 46ª. Mostra, não foi à toa. É
um trabalho realmente espetacular.
Fiquem atentos para quando ELIS
& TOM chegar aos cinemas. 100
min.
O
grande diretor pernambucano Marcelo Gomes, de ótimos filmes, como “Cinema,
aspirinas e urubus” (2005), “Viajo porque preciso, volto porque te amo” (2009)
e “Estou-me guardando para quando o carnaval chegar” (2019), entre outros, nos traz
agora PALOMA, uma história tocante
de uma mulher trans que quer casar na igreja, com véu e grinalda. Ela está, de algum modo, assimilada na
comunidade rural onde vive como agricultora e mora com um namorado. Mas o sonho que envolve os símbolos do casamento,
interditado pela igreja aos gays e transexuais, é um desejo mais forte do que
ela. Em sua ingenuidade, Paloma vai em
busca do seu desejo, custe o que possa custar.
Talvez sem poder avaliar a reação de uma comunidade tradicionalista à
concretização desse sonho. O filme
explora muito bem a figura da personagem trans, num belo desempenho de Kika
Sena, e aponta para a ambiguidade e a hipocrisia das pessoas e da sociedade,
principalmente em contextos conservadores, em que as expressões só são toleradas
se escondidas, enquadradas, ou então serão reprimidas. PALOMA
foi exibido também nas Mostras de São Paulo e do Rio e já está em cartaz
nos cinemas. Com Kika Sena, Ridson Reis,
Zé Maria, Suzy Lopes, Ana Marinho. 103
min,
@mostrasp
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