Antonio Carlos Egypto
MOSTRA 100 ANOS DE ALAIN RESNAIS
A Cinemateca Brasileira está de volta e
já com programação voltada ao público. E
que programação! Nada menos do que uma
homenagem à obra de Alain Resnais, por ocasião de seu centenário de
nascimento. Essa Mostra ocorre de 02 a
12 de junho, presencialmente e de forma gratuita, na sala Grande Otelo, na sede
da Cinemateca, no Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Mariana, São Paulo.
É uma atividade em parceria com a
Cinemateca da Embaixada da França no Brasil e com o Institut Français.
Traz alguns dos principais filmes do cineasta, curtas-metragens menos
conhecidas e uma palestra sobre a sua obra, com o prof. Cristian Borges, da
ECA, USP. (Confira a programação ao
final desta matéria).
Um dos cineastas mais importantes da
história do cinema foi o francês Alain Resnais (1922-2014). Um dos grandes criadores do cinema, Resnais
se destaca por ser inovador da forma e da narrativa. Ele embaralha o tempo, confunde a ficção com
a realidade, personaliza o coletivo, separa radicalmente a música da ação,
explora o inusitado do amor e do relacionamento, sob todos os ângulos
possíveis. Bem, isso e muito mais. Para começo de conversa, ele tira o
espectador da zona de conforto e quebra expectativas com um talento admirável,
com a câmera.
Resnais tem obras absolutamente geniais,
como “Hiroshima, mon amour” (1959), “O ano passado em Marienbad” (1961) e o
documentário “Noite e neblina” (1956), indispensáveis, e estão nessa
Mostra. Filmes que implodiram a
narrativa clássica e abriram novas perspectivas para o uso do tempo no
cinema. Se tivesse feito só isso, já
teria deixado uma grande e decisiva marca histórica. Mas não, ele trabalhou o tempo todo,
realizando filmes incríveis e marcantes, década após década. “Providence” (1976) e “Meu tio da América”
(1980) estão entre os muitos que eu poderia citar. Mas eu gostaria de lembrar que seus últimos
filmes são grandes realizações também. O
final de sua produção artística, na verdade, foi um novo auge. A idade avançada pode produzir trabalhos
sólidos e espetaculares. “Medos privados
em lugares públicos” (2006), “Ervas daninhas” (2009) e “Vocês ainda não viram
nada” (2012) são pérolas de humanismo e humor inteligente e complexo. “Vocês ainda não viram nada” é também uma
elegia ao teatro, o que se repete em “Amar, beber e cantar” (2013), seu último
filme.
Resta-nos, agora, rever a sua obra
excepcional, para lembrar que foi um dos maiores cineastas de todos os
tempos. E que, felizmente, viveu
bastante e produziu muito. O cinema, a
arte, a cultura, são gratos a Alain Resnais.
PROGRAMAÇÃO
Quinta-feira,
02 de junho
20:00 - Hiroshima,
Meu Amor (92 min, 35mm)
Sexta-feira,
03 de junho
19:00 - As
Estátuas Também Morrem (30 min, 35mm)
Toda a Memória do Mundo (22 min, digital)
20:00 - Mélo (112
min, digital)
Sábado, 04 de junho
16:00 - Palestra
com o Professor da ECA | USP - Dr Cristian Borges
18:00 - O
Ano Passado em Marienbad (94 min, 35mm)
20:00 - Smoking (149
min, 35mm)
Domingo, 05 de junho
18:00 - No Smoking (149 min, 35mm)
21:00 - Guernica (13 min, 35mm)
Van Gogh (20 min, digital)
Paul Gauguin (14 min, digital)
O Canto do Estireno (19min, digital)
Quinta-feira,
09 de junho
20:00 - Guernica (13
min, 35mm)
Van Gogh (20 min, digital)
Paul Gauguin (14 min, digital)
O Canto do Estireno (19min, digital)
Sexta-feira, 10 de junho
19:00 - Muriel (112
min, 35mm)
21:00 - Stavisky... (120
min, 35mm)
Sábado, 11 de junho
18:00 - Amores
Parisienses (120 min, 35mm)
20:30 - Meu
Tio da América (125 min, 35mm)
Domingo, 12 de junho
18:00 - Noite
e Neblina (32 min, 35mm)
Hiroshima, Meu Amor (92
min, 35mm)
(Ingressos gratuitos disponibilizados a partir de uma hora antes
de cada sessão)
Queria ver Guernica porque sou estudioso da Guerra Civil Espanhola
ResponderExcluirQue perda não poder estar em Sampa. Seus comentários criam uma grande vontade de re- visita- lo e conhecer filmes de que não cheguei a assistir
ResponderExcluirVocê não consegue dar um pulo em Sampa para ver algus filmes, Aurora?
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