sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

A ILHA DE BERGMAN

               Antonio Carlos Egypto

 

  



A ILHA DE BERGMAN ( Bergman Island ) , França,2021.  Direção e roteiro: Mia Hansen-Love.  Elenco: Vicky Krieps, Tim Roth, Mia Wasikowska, Anders Danielsen Lie.  105 min.

 

Assistir a um filme que fala de Ingmar Bergman (1918-2007), que tem como locação a ilha de Farö, onde ele viveu e filmou, visitar paisagens, lugares, casas, que estão registrados na sua obra cinematográfica, é tudo o que um cinéfilo, ou crítico, gostaria de ver.  Pois a diretora francesa Mia Hansen-Love nos oferece isso no filme “Bergman Island”.  É um imenso prazer percorrer com seus personagens essa bela ilha, ver a casa, a biblioteca, o cinema, o moinho, a vegetação, o mar, as pedras e o silêncio que encantavam o mestre sueco em sua reclusão, protegida pela própria população da localidade.  Já bastaria isso para nos interessar por esse filme.  Mas, nesse caso, teríamos um documentário, à semelhança do filme homônimo “A Ilha de Bergman”, produção sueca dirigida por Marie Nyreröd, em 2006.  A ilha estava lá, mas o foco foi o próprio Bergman, ainda vivo, revendo sua vida e sua história no cinema, no teatro, na TV. “Bergman Island”, de Mia Hansen-Love, é uma ficção.  Um casal de cineastas e roteiristas vai passar um período na ilha de Farö, em busca de inspiração, além de conhecer o lugar icônico que Bergman escolheu para viver, onde escreveu e filmou.  Ambos escrevem, passeiam pela ilha, juntos e separados.  Ele faz o Bergman Safári, esquema turístico que leva aos lugares que marcam a obra do diretor.  Ela faz um percurso mais livre e solto, em busca desses lugares.  E escrevem, ele, com mais facilidade e disciplina, ela, com mais tensão e dúvida.  No entanto, é ela que começa a contar a sua história, o seu roteiro.  O que vemos, então, é o seu roteiro já transformado em filme.  Assistimos ao filme dentro do filme, embora inconcluso, ou assim definido como tal, por ela.  A uma certa altura, o que está acontecendo com o casal se confunde com o roteiro e até com os atores que o representam, numa fusão muito interessante de desejo, inspiração, realidade, fantasia.

 

 

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