Antonio Carlos Egypto
A 45ª. Edição da Mostra Internacional
de Cinema de São Paulo acontece de 21 de outubro a 03 de novembro de 2021. Depois de ter estado ausente das salas de
cinema em 2020, quando a edição foi toda virtual, agora a Mostra promete trazer
o público de volta aos cinemas, mantendo, no entanto, o formato híbrido com a
edição on line simultânea.
Para o retorno ao cinema, quando a
pandemia ainda está aí, arrefeceu, mas não passou, é preciso ter todos os
cuidados sanitários. Aquilo que todo
mundo já sabe: apresentar atestado de vacinação (pelo menos a 1ª. dose), usar
corretamente a máscara durante todo o tempo de projeção e nos ambientes das
salas, lavar as mãos com frequência, álcool gel, distanciamento social, nada de
aglomerações.
Além disso, as salas só venderão
ingressos para até 50% da sua capacidade.
Isso pode ser um problema para os frequentadores. A procura será, certamente, maior do que a
oferta e, pelo menos quanto aos títulos mais procurados, podem faltar
ingressos. Ou seja, nem todo mundo vai
conseguir ver todos os filmes que quiser, nas sessões presenciais.
Outra questão para os cinéfilos: para
assistir a dezenas de filmes, será preciso permanecer muitas horas em ambiente
fechado, com ar condicionado compartilhado por muito mais pessoas do que tem
acontecido nas salas de cinema até agora.
É preciso considerar esse risco, mesmo com a informação de que os
cinemas farão uma higienização completa após cada sessão, estabelecendo-se um
intervalo de 30 minutos entre elas.
Quem optar pela Mostra on line encontrará outros
problemas. Nem todos os exibidores
concordaram com a apresentação de seus filmes no modo virtual. Vai daí que diversos títulos ficarão de fora,
não poderão ser assistidos em casa. Há
também restrições quanto ao número permitido de visualizações, o que dificulta
o acesso aos filmes mais procurados, os grandes premiados, por exemplo.
Sendo realista, a pandemia continua
nos impondo restrições significativas. É
preciso aceitar as limitações e relaxar, para não se frustrar. Afinal, o festival tem uma pegada de alta qualidade
cinematográfica. Tem filmes premiados
mundo afora, grandes diretores, produções do mundo todo (50 países presentes),
filmes inovadores, experimentais. Vale a
pena se arriscar, conferir o que é menos conhecido ou recomendado. São as tais pérolas que sempre aparecem em
todas as Mostras. Afinal, a seleção soma
264 filmes, sendo 80 dirigidos por mulheres.
Não vai faltar uma boa opção. E,
claro, muitos filmes poderão ser vistos no circuito cinematográfico um tempo
depois da Mostra, alguns logo a seguir, outros, com intervalo bem maior de
tempo. Por isso mesmo, recomendo buscar
as possíveis novidades ou surpresas, algumas daquelas que acabam não passando
depois por serem consideradas menos “comerciais”, ou dirigidas a um público
pequeno, específico.
Todos os anos, a Mostra costuma
começar no dia anterior ao período divulgado, com uma sessão de abertura para
convidados. Neste ano, optou-se por
abrir ao público essa sessão e apresentar não um único filme, mas 10 destaques,
um em cada cinema. Assim, no dia 20 de
outubro, às 20 h, o cine Marquise (ex-Cinearte) terá “Noite Passada em Soho”,
de Edgar Wrigth; o Cinesesc, “Bergman Island”, de Mia Hansen-Love; o cinesala,
“Compartments no. 6”, de Juho Kuosmanen; o Espaço Itaú-Augusta, um programa de
curtas, de Pedro Almodóvar, Tsai Ming Liang e Barbara Paz; o Itaú Frei Caneca,
“A Crônica Francesa”, de Wes Anderson (sala 1), “Um Herói”, de Asghar Farhadki
(sala 2), “A Caixa”, de Lorenzo Vigas (sala 3); o Petra Belas-Artes terá “Roda
do Destino”, de Ryusyke Hamaguchi; o Reserva Cultural, “Má Sorte ou Pornô
Amador”, de Radu Jude; e o Centro Cultural São Paulo, “Lua Azul”, de Alina
Grigore.
O conteúdo on line da 45ª. Mostra estará disponível nas plataformas Mostra
Play, Sesc Digital e Itaú Cultural Play.
Tem muita informação sobre a Mostra 45, incluindo seus prêmios, homenagens,
fóruns e outros eventos, além da programação e da venda de ingressos no já
conhecido site www.mostra.org
A seleção deste ano faz um apanhado do
cinema contemporâneo mundial produzido e exibido sob o impacto da pandemia, que
atingiu a indústria cinematográfica em todos os continentes.
Para encerrar este texto, faço questão
de destacar a beleza do pôster da 45ª. Mostra e a vinheta feita a partir dele,
que estará em todas as exibições dos filmes do festival. Traz o traço leve e brilhante do grande
Ziraldo, um orgulho da cultura brasileira, que chega aos 90 anos e é objeto de
dois documentários que serão exibidos na Mostra.
Leitor apaixonado do Pasquim,
admirador da turma do Pererê, de Jeremias, o Bom, da Super-Mãe, do Bichinho da
Maçã, do Menino Maluquinho e do Flicts, saúdo Ziraldo e que sua arte continue
sendo sempre inspiradora para todos nós, que gostamos de democracia e de
liberdade.
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