Antonio Carlos
Egypto
MARIA – NÃO ESQUEÇA QUE EU VENHO DOS TRÓPICOS. Brasil, 2017.
Direção: Francisco Martins e Elisa Gomes. Participação: Malu Mader, Lúcia Romano, Celso
Frateschi. Documentário. 81 min.
O documentário “Maria – Não Esqueça que eu Venho dos
Trópicos” trata da figura forte, marcante, da escultora, também chamada de embaixatriz,
Maria Martins (1894-1973), de sua vida e de sua arte. Trabalho importante, uma vez que a grandeza
da arte dessa mulher ainda é desconhecida do grande público. Em parte, por seu caráter polêmico, inovador,
avançado para seu tempo. Em parte,
porque ela, na condição de esposa do embaixador Carlos Martins Pereira e Souza,
cumpria suas funções no ambiente diplomático com discrição.
Suas obras exalavam uma sexualidade feminina ativa e
arrojada. Sua vida também comportou uma
forte ligação amorosa com Marcel Duchamp, a quem influenciou e por quem foi
influenciada, artisticamente.
O filme tem o mérito de revelar Maria Martins nesses
seus dois lados aparentemente inconciliáveis, mas que ela parece ter integrado
bem.
Avançar nas manifestações do feminismo, tanto na arte
quanto em experiências de vida, não a levaram a romper barreiras
institucionais. Cidadã do mundo, até por
conta de deslocamentos diplomáticos do marido, conquistou espaço artístico de
grande relevo, em cidades como Washington, Nova York, Paris, e projetou sua
obra mundo afora. É significativa a
referência à influência dos trópicos, origem que ela afirma e solidifica no seu
trabalho nas artes plásticas e nas suas manifestações e atitudes públicas.
O documentário acerta em cheio, ao mostrar a obra de
Maria Martins, dando-lhe o merecido destaque.
Agrega, também, em entrevistas, comentários críticos e material de
arquivo, informações relevantes. Isso é
o que mais importa, as formas que ela criou têm um impacto muito grande. É irrefutável a grandeza do seu trabalho. Sua vida, seus desejos, suas escolhas, também
são uma parte importante da história que o filme aborda, dando a conhecer uma
mulher brasileira notável do século XX.
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