sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

LA LA LAND


Antonio Carlos Egypto




LA LA LAND – CANTANDO ESTAÇÕES (La La Land).  Estados Unidos, 2016.  Direção: Damien Chazelle.  Com Ryan Gosling, Emma Stone, Amiée Conn, Terry Walters, J. K. Simmons.  128 min.



A primeira sequência de “La La Land” se passa num congestionamento. As pessoas vão saindo dos carros e começam a cantar e dançar, numa coreografia coletiva.  Isso remete a e promete um grande musical, como nos velhos tempos em que Hollywood arrasava, com Fred Astaire, Gene Kelly, Ginger Rogers, Cyd Charisse, Debbie Reynolds, Donald O’Connor, June Allyson e muitos mais.  Mas não é o que acontece. 




“La La Land” tem mesmo um bom score musical jazzístico e uma bela canção, já premiada no Globo de Ouro e que deve levar o Oscar, “City of Stars”.  O diretor Damien Chazelle já fez um bom filme sobre músicos tentando alcançar alta performance, “Whiplash – Em Busca da Perfeição”, em 2014.  No entanto, não há bons cantores em cena, ninguém dança quase nada, as coreografias são de uma simplicidade incrível.  Tudo muito modesto.

Apesar disso, o filme se sustenta como um musical romântico, porque tem um bom roteiro, bem melhor do que os que envolviam a maioria dos musicais clássicos.

Em “La La Land”, também aparece a manjada história do músico e da atriz tentando sobreviver e alcançar sucesso numa Los Angeles atual, em que é difícil alimentar esperanças e vencer as barreiras.  Desbravar os caminhos pode ser muito complicado, não importa o maior ou menor talento envolvido.  E há os sonhos e o mercado, que direciona o gosto popular.  No desenvolvimento da trama, o que se passa aqui é mais realista, tem um tom crítico e procura valorizar as escolhas artísticas, em detrimento das fórmulas de sucesso fácil.




A história é envolvente, os protagonistas são bons, em especial, Emma Stone (premiada no Festival de Veneza e no Globo de Ouro), há glamour, romance e música.  Alguma ingenuidade permanece, lembrando os musicais antigos.  Enfatiza-se a dureza do mundo do espetáculo e o que ele exige de renúncia da própria vida pessoal e amorosa.  Isso num musical romântico!


O entretenimento está garantido, daí o êxito da empreitada, amplamente premiada.  O filme levou sete prêmios no Globo de Ouro: melhor filme (na categoria comédia ou musical), direção, roteiro, ator, atriz, trilha sonora original e canção.  Ou seja, ganhou em todas as categorias em que havia sido indicado.  Os correspondentes estrangeiros que atuam em Hollywood amaram o filme.  Espera-se algo semelhante, no Oscar.  Será que “La La Land” merece tudo isso?  Ou um filme com essas características serve de escape para momentos duros, de crise, de radicalismo e intolerância, como os que vivemos?  Em tempos de Trump e Temer, melhor sonhar, não é?



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