Antonio Carlos Egypto
REFÉM DA PAIXÃO (Labor
Day). Estados Unidos, 2013. Direção e roteiro: Jason Reitman. Com Kate Winslet, Josh Brolin, Gattlin Griffith, Clark Gregg, Tobey
Maguire. 110 min.
“Labor Day” é um romance da jornalista Joyce Maynard,
de 2009, que fez muito sucesso nos Estados Unidos e acabou virando filme, em
2013, com o mesmo título. No Brasil, o
romance foi lançado pela Rocco, com o título de “Fim de Verão”. Faz sentido, já que o tal Dia do Trabalho por
lá formou um feriado prolongado, que antecedia o início das aulas, no fim de um
verão. O filme, no Brasil, se chama
“Refém da Paixão”, ignorando a data ou o período e destacando o fato de que se
trata de um drama romântico que se assemelha a uma história de reféns. Se não forem de fato, serão como
apaixonados. Fica um pouco forçado, mas
também dá sentido.
A trama do filme envolve uma história de amor e
relacionamento familiar, que se move por trás e apesar das aparências. Uma mulher reclusa, Adele (Kate Winslet),
vive com seu filho Henry (Gattlin Griffith), de 13 anos, uma vida que esconde
um passado de dores e traumas relacionados à gestação. É inusitado que justo para ela se coloque a
situação de conviver com um presidiário, Frank (Josh Brolin), que aproveitou o
fato de estar num hospital para fugir e acaba pedindo, impondo, sua presença na
casa onde ela vive com seu filho.
Isso será algo tão intenso que mudará a existência de
todos os envolvidos, com reflexos em toda a pequena cidade onde os fatos se
passam. A história desse relacionamento
não será contada, nem por Adele, nem por Frank, mas pelo garoto Henry, já
muitos anos mais tarde, porém, lembrando do que viveu nessa época. E de como era, então.
É o seu ponto de vista, como ele vê as coisas, as
sente e o que faz com os dados de que dispõe que compõem a narrativa. Claro que se trata de um adolescente já um
tanto amadurecido pelo tempo em que se dedicou a tentar fazer sua mãe menos
deprimida e mais feliz. Aprendeu a tomar
iniciativas na ausência dela e a se virar, saindo de casa apenas para ir à escola
ou ao encontro da família do pai (Clark Gregg), de quem Adele se
divorciou. Saía para compras, sozinho ou
com a mãe, com a menor regularidade possível, fazendo sempre grandes estoques
para a casa, inclusive de comida congelada ou enlatada.
Essa existência pobre e aborrecida escondia o encanto
de uma mulher bonita, apaixonada pela dança, que renunciou à vida em algum
momento. Mas sempre pode
reencontrá-la. O prisioneiro Frank, que
cumpria pena por assassinato, também poderia não corresponder ao elemento
perigoso que os jornais e a TV anunciavam.
E ser capaz de revelar dotes inesperados.
As surpresas que se escondem nos personagens e nas
situações que eles vivem, ou viveram, é o que de mais interessante tem essa
trama, que é bem sustentada pelos atores que vivem os três protagonistas: Kate Winslet, Josh Brolin e o garoto, Gattlin
Griffith.
O diretor Jason Reitman também dirigiu “Juno”, de
2007, um filme que trata de gravidez na adolescência sob um ângulo inovador,
graças a um personagem que surpreende por sua personalidade e seu
comportamento: a jovem que dá nome ao filme.
Personagens que surpreendem, revelam algo que está por trás das
aparências ou de que não se esperam determinadas atitudes, parecem interessar
especialmente ao cineasta.
Esse é o trunfo de “Refém da Paixão”, que, de resto,
não apresenta muitos outros atrativos.
Trata-se de uma boa história, envolvente, que mescla suspense e romance
com razoável eficiência. Mas é preciso
relevar algumas situações que soam inverossímeis ou muito improváveis, que
estão também no texto original, que serviu ao roteiro adaptado pelo próprio
diretor.
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