Antonio Carlos Egypto
A ALEGRIA. Brasil, 2010. Direção: Felipe Bragança e Marina Meliande. Roteiro de Felipe Bragança. Com Tainá Medina, Júnior Moura, César Cardadeiro, Flora Dias, Rikle Miranda, Mariana Lima, Márcio Vito, Maria Gladys. 100 min.
“A Alegria” tem como protagonista a adolescente carioca Luísa (Tainá Medina), de 16 anos, às voltas com o que fazer, no que acreditar, em meio ao caos urbano e a mata.
Seu primo misterioso, vivido por Júnior Moura, escapou de um massacre e levou um tiro no pé. Desde então vive escondido no apartamento onde Luísa mora com a mãe, que está ausente por uma temporada.
Luísa se relaciona com um grupo de adolescentes, vividos por Flora Dias, Rikle Miranda e César Cardadeiro, que estão nas mesmas circunstâncias erráticas e tentam encontrar sua própria política: se opor (a quê, mesmo?). No fim das contas, a política que resta é a da alegria, na falta de outra, e considerando o momento de vida dos jovens.
Luísa é a líder do grupo: a mais ativa e angustiada deles. Seus movimentos surpreendem os outros três adolescentes, que parecem sempre estar a reboque. E ela parece não se encontrar ou não saber bem para onde ir. Mas ela é proativa e busca algo.
A narrativa envereda pela alegoria, com fantasias, máscaras e espíritos do mar, por exemplo, deixando de lado o realismo e indo em busca da linguagem poética. E se valendo da própria poesia – escrita ou falada – ao longo do filme, para pontuar a narrativa.
A intenção é muito boa, o resultado deixa um pouco a desejar. Fica tudo um tanto incompreensível, embora curioso. Para isso contribui o fato de que muitas falas se perdem, devido a problemas com o som. Falas em off ou sob máscaras, em muitos momentos, não se entendem. E como tudo é um tanto simbólico ou alegórico, fica mais complicado.
A busca de um cinema poético, alegórico, em meio a tantas obviedades que têm assolado o cinema brasileiro atual, é muito interessante e desejável. É uma alternativa que pode vir a render muitos frutos e contribuir para diversificar a oferta do produto cinematográfico nacional. E tem público para isso, também. Mas será preciso superar algumas deficiências e dispensar o hermetismo. Não é preciso abusar do enigmático. Um pouco mais de simplicidade e clareza pode contribuir muito em projetos desse tipo.
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
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