sexta-feira, 10 de junho de 2011

NAMORADOS PARA SEMPRE

Antonio Carlos Egypto

NAMORADOS PARA SEMPRE (Blue Valentine).  Estados Unidos, 2010.  Direção: Derek Cianfrance.  Com Ryan Gosling e Michelle Williams.  112 min.


O filme, batizado no Brasil como “Namorados para sempre”, no original, Blue Valentine, está sendo lançado às vésperas do Dia dos Namorados.  Isso sugere, portanto, que os enamorados deveriam incluir esse filme nas festividades da data.  Cuidado, essa decisão pode ser complicada.  Se o objetivo for reforçar os laços românticos do casal e curtir o momento feliz do enamoramento, o tiro pode sair pela culatra. 

O filme trata de um relacionamento amoroso que se desintegra. Por meio de um vai e vem no tempo, vamos percebendo como esse envolvimento se formou e notamos que ele vai se deteriorando a olhos vistos, não se sabe exatamente porquê ou o quê produz isso.  O desgaste natural do convívio de duas pessoas muito diferentes, talvez.  Mas eles se perguntam: para onde foi o nosso amor?  Há, ainda, uma criança pequena, espremida entre o amor do pai e o da mãe, sem poder contar com ambos ao mesmo tempo.

A dupla protagonista, formada por Candy (Michelle Williams) e Dan (Ryan Gosling) está excelente, mostrando esse desagregar da relação e os sentimentos discordantes e conflitantes que se estabelecem.

O filme é competente ao expor esse processo de desgaste que acomete muitos casais enamorados.  Por aí se vê que não é propriamente uma pedida romântica para o Dia dos Namorados.  É propaganda enganosa a sugestão do título brasileiro e a data do seu lançamento nos cinemas.

Se o objetivo buscado pelos amantes, no entanto, for outro, como o de “avaliar o que está acontecendo conosco”, ‘enfrentar as dificuldades que estamos vivendo e pensar em como superá-las”, aí, sim, o filme pode vir a calhar.  Ou seja, é um filme para namorados que querem “discutir a relação” nesse dia.  Ou para quem se interesse por refletir sobre as dificuldades do encontro amoroso e o desgaste que o tempo pode produzir, quando as pessoas envolvidas perdem o pé da situação.  Quando não se enfrentam as questões que podem deteriorar uma relação ou nem sequer se consegue identificá-las claramente, a perspectiva é pelo fim do relacionamento.  Ou não, como diria Caetano Veloso.

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