terça-feira, 11 de maio de 2010

Querido John

Tatiana Babadobulos

Querido John (Dear John). Estados Unidos, 2010. Direção: Lasse Halls­tröm. Roteiro: Jamie Linden. Com Channing Tatum, Amanda Seyfried, Richard Jenkins. 108 min.


Dirigido pelo sueco Lasse Halls­tröm (de “Chocolate”, “Sempre ao seu Lado”), “Querido John” (“Dear John”), cuja estreia está marcada para esta sexta, 7, conta a história de John Tyree (Channing Tatum, de “G.I. Joe – A Origem de Cobra”), um soldado do Grupo de Operações Especiais que luta pelos Estados Unidos na Alemanha. Durante a licença de poucas semanas, conhece na praia a bela Savannah Curtis (Amanda Seyfried, do musical “Mamma Mia!”).

Como todo amor de verão, os dois trocaram juras de amor, mas as férias têm fim e cada um precisa tomar o próprio rumo: ela volta para a faculdade, e ele para algum lugar do mundo, onde há guerra. A partir de então, como John não pode re­velar sobre suas missões, uma vez que se trata de segredo de Estado e segurança nacional, é por intermédio de cartas que ambos vão manter contato e fazer persistir o amor.

Apesar de tumultuado e repleto de problemas ao redor, a história cria­da com base no romance de Ni­cholas Sparks – que escreveu, entre ou­tros, “Um Amor para Recordar” e “Noites de Tormenta” –, demora a con­vencer e, a certa altura, não convence mais. Tudo parece tão previsível e se coincide que fica difícil de acreditar. Outro empecilho é com relação ao pai de John, vivido por Richard Jenkins, um colecionador de moedas que, aos olhos da garota, é autista.

Essa interrogação (se o pai do rapai tem problemas mentais ou não) e outras, como o motivo pelo qual John não é bem-vindo no restaurante onde vai jantar com a garota pela primeira vez, não é esclarecido. É como se o diretor criasse para a plateia um suspense e, antes que tudo fosse solucionado, o longa-metragem chega ao fim, deixando o espectador no vácuo. É claro que ­es­ses dois pontos de interrogação não mudarão o desfecho do filme, mas também não justificam existir, se são apenas para serem jogados ao léu.

Ainda que a fita trate de relacionamentos (como o de John e Savannah), fala também sobre a relação entre pai e filho, que vivem sozinhos. A ausência da mãe não é pronunciada, mas o pai, ainda que estranho, trata o filho com amor, cozinha lasanha para os dois todos os domingos (e tudo com ele é repetitivo), tem medo de sair de casa e se relacionar com outras pessoas.

Dividido entre o trabalho, a missão em defender o país (principalmente após os ataques às Torres Gêmeas em 11 de setembro, em 2001), e o amor pela garota, o personagem-título precisa tomar uma decisão, mas ele prefere deixar a vida levar e, sozinha, escolher o seu destino.

“Querido John” discute amor a distância, separação, troca de cartas apaixonadas (no mundo onde e-mail e torpedos de celular são as vedetes) e confirma, prematuramente, a frase que um dia o Dalai Lama disse: “Se quer muito algo, é melhor deixá-lo livre. Se voltar para você, será seu para sempre; se não voltar, é sinal que nunca foi seu”.

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