Antonio Carlos Egypto
PECADO DA CARNE (Einaym Pecauhot – Eyes Wide Open). Israel, 2009. Direção: Haim Tabakman. Com Zohar Shtrauss, Ran Danker e Isaac Sharry. 90 min.
O filme nos coloca num ambiente onde vivem judeus ortodoxos, em um bairro de Jerusalém. Os lugares são despojados, simples, os hábitos religiosos imperam, a tradição judaica reina firme e forte na sinagoga, nas casas, nas roupas, nas comidas, nas reuniões de estudos da Torah. Em tudo, afinal.
Aaron, casado, pai de quatro filhos, retoma o negócio de família, um açougue kosher, após a morte de seu pai. E, necessitando de ajuda, acaba por contratar um jovem judeu ortodoxo forasteiro, para tocar o açougue com ele. Tudo vai bem até que o envolvimento entre os dois conduz a um relacionamento homossexual. Impensável, como se pode de imediato perceber. Essa é a temática do filme de Haim Tabakman.
Habilmente, e sem pressa, ele nos põe no ambiente fundamentalista e ultraconservador onde se dará o inevitável conflito. Isso nos leva a perceber quanto uma vida regida por princípios, cheia de normas e regras, fixas e certeiras, pode ser impeditiva para uma vida livre ou prazerosa.
Tudo já está traçado, não há escolha possível, nem espaço para o desejo ou para a inovação. O peso da tradição mata a vida. As verdades absolutas aprisionam, e quanto mais detalhados forem os comportamentos por elas prescritos, tanto pior.
Mais do que um filme judaico, ou com temática gay, “Pecado da Carne” tem alcance maior, na medida em que todos os fundamentalismos religiosos se assemelham. E são fonte de opressão. É lamentável que eles estejam em alta em pleno século XXI, também entre muçulmanos, no Vaticano, entre os pentecostais, e por aí vai.
Já era tempo de se respirar ares mais limpos e libertários, dispensando dramas cinematográficos que ainda têm de se debruçar sobre pecados, intolerância, rigidez. Mas a verdade é que ainda precisamos muito desse tipo de filme. Infelizmente.
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