sexta-feira, 10 de julho de 2009

Duas vezes Juliette Binoche


Tatiana Babadobulos

Estão em cartaz em São Paulo dois filmes franceses que trazem a atriz Juliette Binoche no elenco. Ambos, aliás, estrearam no mesmo dia. Um deles é "Paris" ("Paris") e, como não poderia deixar de ser, o cenário é a própria capital francesa. Mas a cidade mais conhecida do mundo como pano de fundo não é o único atrativo do longa-metragem dirigido por Cédric Klapisch ("Bonecas Russas").

O filme conta a história de Pierre (Romain Duris, de "As Aventuras de Molière") que, segundo seu médico, está em estado terminal, pois precisa de um transplante de coração. A primeira pessoa para quem ele conta a triste novidade é sua irmã Élise (Juliette), mas a primeira mudança que faz em sua vida é começar a observar o mundo ao seu redor e os diferentes personagens que vivem na cidade.

Assim, a história se constrói na medida em que Klapisch aponta suas lentes para os feirantes que disputam a freguesia, para a moça que começa a trabalhar na padaria cuja dona é uma insuportável racista e mandona (Karin Viard), o arquiteto Philippe (François Cluzet), seu irmão, o professor de história Roland (Fabrice Luchini), que se apaixona pela aluna Laetitia (Mélanie Laurent) e fica lhe enviando poemas anônimos por mensagens do celular. O filme também mostra personagens que tratam de problemas com a imigração (tema tratado também em “Bem-Vindo”, de Philippe Lioret).

E é a partir desse mosaico que Cédric Klapisch mostra o cotidiano de Pierre que, como professor de dança, junta seu grupo e mostra coreografias intensas, bem-construídas, embora não tenha fôlego para executar todos os saltos que são propostos. Romain Duris, aliás, é capaz de transmitir ao espectador a dor que sente e mostra que é possível superar esse momento de tensão e esperar, curtindo a vida, brincando com as sobrinhas, sendo feliz.

"Paris" teve três indicações ao César (o Oscar francês), nas categorias Edição, Filme e Atriz Coadjuvante (Karin Viard). Trata-se de um filme belo, capaz de fazer com que o espectador contemple o cenário em que a história se passa e, por que não?, olhe para si e veja que ao seu redor a vida pode ser mais bonita do que lhe parece. Sim, o cinema tem essa capacidade e não se pode perder a chance.

O outro longa é o drama francês "Horas de Verão" (“L'Heure d'Été”), que foi apresentado no ano passado durante a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Escrito e dirigido por Oliver Assayas, o filme conta a história da matriarca, Hélène Berthier (de "A Questão Humana"), que reúne na casa de campo da família seus filhos e netos para celebrar seu 75º aniversário.

Então, os irmãos, que vivem distantes, se encontram e logo depois a mãe morre. A partir de então eles terão de fazer as divisões que incluem obra de arte de seu tio, um pintor do século 19. Começam pra valer as diferenças entre a designer que vive em Nova York, Adrienne (Juliette), o economista e professor Frédéric (Charles Berling) e o empresário Jérémie (Jérémie Renier), que atualmente vive na China e um dos que não pensam nem em discutir o assunto. No entanto, é preciso enfrentar a discussão, uma vez que Frédéric não quer ter de decidir tudo sozinho já que os outros dois irão embora e darão as costas a essas questões.

“Horas de Verão” se passa praticamente dentro da casa de campo da família e é dentro do imóvel que também fará parte do inventário que acontece o drama familiar que discute o valor da herança e da família, entendimento entre irmãos que têm pouco em comum, principalmente porque cada um quer cuidar da própria vida e não daquela que foi deixada pela mãe deles que muito fala sobre as origens e os valores que objetos têm e que dizem sobre a família em que nasceram.

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