Tatiana Babadobulos
Cópia Fiel (Copie Conforme). França, Itália, Irã, 2010. Direção e roteiro: Abbas Kiarostami. Com Juliette Binoche e William Shimell. 106 minutos.
Com mistura de inglês, italiano e francês (inclusive com ele falando inglês e ela respondendo em francês), a trama vai se desenrolando com a bela região italiana servindo como pano de fundo, tal como o filme “Romance na Itália”, de Roberto Rossellini. Aqui, porém, o cenário não é o foco, haja vista que a câmera do diretor aponta para as pessoas e não para fora do carro, por exemplo, nas cenas nas quais a mulher vai conduzindo o homem até um pequeno vilarejo. E, então, a trama vai instigando o espectador a conhecer mais sobre os personagens que estão sendo apresentados na tela.
As passagens no tempo e o vai e vem mostram que, embora os dois parecessem desconhecidos, talvez sejam casados há 15 anos. Uma confusão que, ao final, não será esclarecida.
Assisti ao filme quando estava em Paris, em junho de 2010, logo depois que a fita havia sido indicada à Palma de Ouro e venceu na categoria Melhor Interpretação Feminina (para Juliette Binoche), no Festival de Cannes 2010.
Na ocasião, entrevista com o diretor foi publicada pela revista “Trois Couleurs” (número 81, by MK2), na qual ele diz que “teria usado os meios habituais [para voltar 15 anos no tempo]: maquiagem, intertítulo, flashback”. “Mas não é este cinema que me interessa”, pontua. E completa: “A ideia era injetar um sangue novo no filme”. Em “Cópia Fiel”, Kiarostami introduz, em uma mise en scéne clássica, uma modernidade real.
O cineasta iraniano é aplaudido pelo cinéfilo internacional, mas profundamente ancorado em um país onde ele escolheu ficar após a revolução islâmica, apesar das restrições ditadas pelo novo regime. “Cópia Fiel”, portanto, marca uma evolução do cineasta, pois este é o primeiro longa-metragem de ficção que ele filma fora do Irã.
“Cópia Fiel” é daqueles filmes que nunca acabam, quando terminam... Fazem o espectador sair da sala de projeção pensando como aquilo que acabou de ser contado é possível. E o final é particular: cada um escolhe o seu.
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