Antonio Carlos Egypto
Já está em andamento no Cinesesc São Paulo o 9º. Panorama do Cinema Suíço Contemporâneo, até 19 de outubro de 2022. Na plataforma digital também estarão disponíveis gratuitamente filmes do Panorama, no Sesc Digital, clicando em sescsp.org.br/panoramasuico, no mesmo período. A promoção é do Consulado Geral da Suíça com o Sesc São Paulo.
Um dos
filmes dessa Mostra é VIZINHOS (Neighbours), do cineasta suíço-curdo
Mano Khalil e tem no elenco Jay Abdo, Serhad Khalil, Jabal Altawil, Zirek, e
vejam quem mais: a atriz brasileira e também crítica de cinema, minha amiga
Tuna Dwek. É um espanto vê-la atuar
falando em curdo, em várias cenas do filme, que exigiram um bocado de
dedicação, empenho e memorização dela.
Além do talento que todos conhecemos.
Mas valeu a pena. Primeiro,
porque o filme é belíssimo, uma realização sensível e dramática, também
bem-humorada, que trata de um assunto importante: o Curdistão, essa nação sem
Estado territorial, apátrida, que fala diversas línguas, curdo, árabe, turco e
persa, já que está num “território” tradicional que envolve Turquia, Iraque,
Irã, Síria e Armênia. Projeções
diversas, um tanto indefinidas, falam de uma terra que tem entre 200 mil e 500
mil quilômetros quadrados e uma população entre 25 e 40 milhões de pessoas.
O
filme VIZINHOS focaliza os anos 1980
e foi todo realizado no Curdistão iraquiano, numa aldeia na fronteira
sírio-turca. Tem como protagonista um
personagem/ator de 6 anos de idade, que por conta do domínio das forças
militares turcas e das fronteiras, divisórias completamente artificiais para os
curdos, perde a mãe querida, alvejada por engano. Vê seu tio ser preso, torturado, e ter de
fugir para não combater uma causa com a qual não tem qualquer afinidade.
Fugir
da própria terra por conta de opressões diversas, que incluem a obrigatoriedade
da comunicação apenas em árabe e o envolvimento de um professor, que vem de
fora para o vilarejo e, além de insistir em plantar palmeiras, símbolo do mundo
árabe, num local inóspito para a planta, faz uma campanha do tipo nazista,
combatendo os judeus. Como esses
vínculos todos se imbricam, envolvendo diferentes etnias e religiões, eu não
sei dizer, mas que é um saco de gatos instigante e tenso, lá isso é.
Sero,
o garoto, vivido pelo ator Serhad Khalil, uma graça e muita comunicabilidade,
passa por tudo que citei, mas segue esperançoso da energia elétrica prometida,
que está para chegar ao vilarejo, para finalmente poder assistir aos desenhos
animados pela TV, a que todas as crianças das cidades assistem. Muita política em torno dessa eletricidade
que não vem, mas chegará o dia para Sero.
124 min.
Com Tuna Dwek no Cinesesc |
VIZINHOS terá uma sessão na
terça-feira, dia 18, no Cinesesc, às 20:00 h, e esperamos que em breve ocupe as
salas de cinema em sessões regulares.
Talvez no próprio Cinesesc, após a 46ª. Mostra Internacional de Cinema
de São Paulo, que abre no dia 20 de outubro, cujos primeiros filmes comentarei
nos próximos dias.
Tuna Dwek, além da grande atriz que é, sua atuação no Kurdistão merece o nosso aplauso
ResponderExcluirMuito muito.obrigada Sonis Clara Ghivelder.Vindo de uma grande atriz como você muito me honra
ExcluirQue grande honra receber essa crítica sensível e substanciosa doeu querido Egypto.! Muito obrigada e que encorajamento para nós atores que vivenciamos o Cinema sem Fronteiras.beijo carinhoso
ResponderExcluir