sexta-feira, 14 de outubro de 2022

VIZINHOS E O PANORAMA SUÍÇO

Antonio Carlos Egypto

 

Já está em andamento no Cinesesc São Paulo o 9º. Panorama do Cinema Suíço Contemporâneo, até 19 de outubro de 2022.  Na plataforma digital também estarão disponíveis gratuitamente filmes do Panorama, no Sesc Digital, clicando em sescsp.org.br/panoramasuico, no mesmo período. A promoção é do Consulado Geral da Suíça com o Sesc São Paulo.

 




Um dos filmes dessa Mostra é VIZINHOS (Neighbours), do cineasta suíço-curdo Mano Khalil e tem no elenco Jay Abdo, Serhad Khalil, Jabal Altawil, Zirek, e vejam quem mais: a atriz brasileira e também crítica de cinema, minha amiga Tuna Dwek.  É um espanto vê-la atuar falando em curdo, em várias cenas do filme, que exigiram um bocado de dedicação, empenho e memorização dela.  Além do talento que todos conhecemos.  Mas valeu a pena.  Primeiro, porque o filme é belíssimo, uma realização sensível e dramática, também bem-humorada, que trata de um assunto importante: o Curdistão, essa nação sem Estado territorial, apátrida, que fala diversas línguas, curdo, árabe, turco e persa, já que está num “território” tradicional que envolve Turquia, Iraque, Irã, Síria e Armênia.  Projeções diversas, um tanto indefinidas, falam de uma terra que tem entre 200 mil e 500 mil quilômetros quadrados e uma população entre 25 e 40 milhões de pessoas.

 

O filme VIZINHOS focaliza os anos 1980 e foi todo realizado no Curdistão iraquiano, numa aldeia na fronteira sírio-turca.  Tem como protagonista um personagem/ator de 6 anos de idade, que por conta do domínio das forças militares turcas e das fronteiras, divisórias completamente artificiais para os curdos, perde a mãe querida, alvejada por engano.  Vê seu tio ser preso, torturado, e ter de fugir para não combater uma causa com a qual não tem qualquer afinidade. 

 

Fugir da própria terra por conta de opressões diversas, que incluem a obrigatoriedade da comunicação apenas em árabe e o envolvimento de um professor, que vem de fora para o vilarejo e, além de insistir em plantar palmeiras, símbolo do mundo árabe, num local inóspito para a planta, faz uma campanha do tipo nazista, combatendo os judeus.  Como esses vínculos todos se imbricam, envolvendo diferentes etnias e religiões, eu não sei dizer, mas que é um saco de gatos instigante e tenso, lá isso é.

 

Sero, o garoto, vivido pelo ator Serhad Khalil, uma graça e muita comunicabilidade, passa por tudo que citei, mas segue esperançoso da energia elétrica prometida, que está para chegar ao vilarejo, para finalmente poder assistir aos desenhos animados pela TV, a que todas as crianças das cidades assistem.  Muita política em torno dessa eletricidade que não vem, mas chegará o dia para Sero.  124 min.

 

Com Tuna Dwek no Cinesesc


VIZINHOS terá uma sessão na terça-feira, dia 18, no Cinesesc, às 20:00 h, e esperamos que em breve ocupe as salas de cinema em sessões regulares.  Talvez no próprio Cinesesc, após a 46ª. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que abre no dia 20 de outubro, cujos primeiros filmes comentarei nos próximos dias.




  

3 comentários:

  1. Tuna Dwek, além da grande atriz que é, sua atuação no Kurdistão merece o nosso aplauso

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    1. Muito muito.obrigada Sonis Clara Ghivelder.Vindo de uma grande atriz como você muito me honra

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  2. Que grande honra receber essa crítica sensível e substanciosa doeu querido Egypto.! Muito obrigada e que encorajamento para nós atores que vivenciamos o Cinema sem Fronteiras.beijo carinhoso

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