Antonio Carlos Egypto
QUEM
OS IMPEDE (Quièn lo Impide) é um filme espanhol, de
Jonás Trueba, bem ambicioso e criativo.
Ambicioso porque buscou retratar os jovens espanhóis de classe média que
nasceram no século XXI e chegam à idade adulta, ou estão ainda na adolescência,
da forma mais plena possível. A partir
de um amplo grupo desses jovens, procurou mostrar, com base no lugar de fala e
ações deles, suas dores, seus amores, suas dúvidas e dificuldades, sua música,
suas festas, seus desejos, suas ambições pessoais, sua filosofia, seus tipos de
agrupamento, suas preocupações culturais e políticas.
Para isso, se valeu de anos de trabalho,
que envolveram, não só muitos encontros e conversas, mas eventos, viagens,
encenação de conflitos, supostamente reais ou imaginados, inventados,
fictícios. Acompanhou e dialogou com os
jovens nas mais diversas situações, quando eles são postos à prova, se sentem
questionados, emparedados e também no vigor de suas manifestações de alegria ou
de protesto. Nas suas fragilidades e nos
seus êxitos, na sua entrega na luta pelo que possa fazê-los felizes. Ou seja, criativamente usou todos os
mecanismos que encontrou, documentais ou ficcionais, jogos, experiências,
trocas de todos os tipos, para alcançar seu objetivo, o de compor um retrato
multifacetado dessa geração século XXI.
Com um fartíssimo material, acabou realizando
um filme muito longo: 3 horas e 40 minutos de duração. Isso foi exagero, embora trazendo sempre
coisas interessantes para compor esse retrato.
No entanto, uma edição mais enxuta poderia ter resultado num produto
ainda melhor.
O fato é que essa exposição soa franca,
espontânea, em que pesem a onipresença da câmera e os limites que isso
traz. No fim, percebemos que essa
geração, como todas as outras, tem dentro dela tudo o que caracteriza a própria
humanidade. E que a idade, ou a cultura
espanhola, que pretende retratar, dá cores e especificidades apenas. Que são detalhes ou características menos
importantes.
O que é muito particular desse grupo
todo é o momento da pandemia, que paralisou suas vidas, assim como de todos os
demais, mas impôs novos desafios num momento decisivo de suas jornadas. Eles não são melhores nem piores do que os
mais ricos ou mais pobres, em nenhuma época ou em nenhum outro país. São pessoas em busca de se encontrar,
contribuir para a coletividade de algum modo, tentar se realizar e encontrar
felicidade. Como todo mundo, em todos os
lugares. Com Candela Recio, Pablo Hoyos,
Pablo Gavira, Marta Casado, Silvio Aguilar, Claudia Navarro.
@mostrasp
Nenhum comentário:
Postar um comentário