domingo, 29 de setembro de 2024

PACTO DE REDENÇÃO

Antonio Carlos Egypto

 


PACTO DE REDENÇÃO (Knox Goes Away).  Estados Unidos, 2024.  Direção: Michael Keaton.  Elenco: Michael Keaton, James Marsden, Al Pacino, Ray McKinnon, Marcia Gay Herden.  114 min.

 

“Pacto de Redenção” é o título em português, pouco apropriado, para um filme do gênero policial, dirigido e protagonizado por Michael Keaton, que cumpre bem o seu papel como entretenimento.

 

Tem suspense, cenas de ação, reviravoltas, em torno de um personagem terrível, um assassino profissional, que está, porém, em seu momento de vida mais frágil.

 

Logo na primeira sequência do filme ficamos sabendo do diagnóstico médico de que ele está com uma demência rara, que compromete sua memória e tem uma evolução avassaladora, que só lhe permitirá viver algumas semanas.

 

As circunstâncias de vida desse personagem são fundamentais para o desenvolvimento da história. Ele precisaria mesmo ser alguém sem escrúpulos e que já perdeu tudo o que podia.  No entanto, é um mau começo: um velho recurso que já não se sustenta.  Essa medicina preditiva, peremptória, infalível, não faz mais sentido.

 

Dito isto, vamos acompanhar a atuação de Knox (Michael Keaton), agora incerta, insegura, comprometida pelo esquecimento e por abalos na sua conduta criminosa.  Impactos visuais e superposições de imagens evidenciam isso.  Há uma história de um filho que se afastou dele há anos, mas vai voltar pedindo ajuda, por desespero.

 


Assassinatos planejados ou por acidente vão aparecer na trama.  O mais interessante é como se identificam, a partir dos elementos de cena, o crime e o ou os culpados.  Assim como na investigação policial as evidências solucionam a questão, do mesmo modo é possível, alterando-as, criar uma nova narrativa.  Por meio dela, pode-se inocentar um culpado e gerar um falso culpado para responder pelo crime.

 

As possibilidades de manipulação dessas culpas, dessa “verdade” criminal, estão em sintonia com o mundo de nossos dias, que já é chamado por muitos de era da pós-verdade.  O importante não é ser verdadeiro, é ser crível, convencer os outros, a maioria, ou as autoridades, de que algo é assim, se deu assim ou deve ser entendido assim.  Os próprios fatos são arranjados para que tal narrativa prevaleça.

 

“Pacto de Redenção” conta com bom elenco e um atrativo a mais, um papel desempenhado por Al Pacino.  Segundo consta, é a primeira vez que Pacino e Keaton atuam juntos.  Para quem curte o gênero policial/suspense, é um bom programa.




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