Antonio Carlos Egypto
ELVIS (Elvis). Estados Unidos,
2022. Direção: Baz Luhrmann. Elenco: Austin Butler, Tom Hanks, Olivia De
Jonge, Helen Thomson, Richard Roxburg.
160 min.
A cinebiografia de Elvis Presley
(1935-1977), dirigida por Baz Luhrmann, certamente terá um apelo comercial
expressivo. Afinal, trata-se do chamado
Rei do Rock, uma figura lendária da cultura norte-americana e mundial, lembrada
e cultivada até hoje. Suas músicas, sua
voz, sua capacidade interpretativa e seu desempenho nos palcos seguirão sendo
revisitados e relembrados de forma saudosa.
O filme de Baz Luhrmann faz jus à
importância desse talento, mostrando alguns de seus principais sucessos
musicais e recriando as performances
que marcaram o ídolo. O principal
destaque está no desempenho fantástico de Austin Butler, que emula a vibração
inigualável que Elvis tinha nos palcos.
Ele nos leva a reviver a sua figura, a sua dança ousada, extravagante,
carregada de movimentos pélvicos, viris, que acabaram forjando a expressão
pejorativa Elvis the pelvis,
indicativa do incômodo que causava aos moralistas.
O filme também destaca o legado da
música negra na criação de Elvis. Ele
explorava um timbre e estilo vocal dos negros que conhecia e admirava, num
tempo de fortes tensões raciais. Isso,
aliado à sua origem simples e a seu jeito contestador e provocador, produziu
muitos conflitos na carreira do cantor.
Crítica, perseguição, censura.
Plano de controlar sua energia revolucionária com a criação de um novo
Elvis, mais domesticado, que não vingou.
Todos esses elementos são trabalhados no
filme, mas dentro de um foco específico: o da relação de 20 anos de convívio de
Presley com seu empresário, o coronel Parker, papel vivido por Tom Hanks, em
alguns momentos quase irreconhecível.
Ambos viveram um conturbado, tumultuado, mas afetivamente forte,
relacionamento profissional, que envolvia também a família do cantor. O sucesso e os problemas que Elvis viveu
estão intimamente ligados a essa relação, o que explica, por exemplo, por que
ele não se apresentava em shows fora dos Estados Unidos, embora fosse um astro
global.
O desgaste a que Elvis foi submetido, em
maratonas incríveis de apresentações, não respeitou limites ou os devidos
cuidados, o que muito teve a ver com o seu declínio. Houve alguns outros condicionantes nessa
história, inclusive questões econômicas graves.
Se Elvis vivia à custa de pílulas e sua mãe mergulhou no alcoolismo,
Parker era um jogador inveterado. São
elementos de um drama que se potencializou.
O diretor Baz Luhrmann tem um estilo um
tanto exagerado de expor as situações, que sempre me incomodou nos seus
filmes. Neste trabalho não é diferente,
porém, as apresentações reboladas e sensualizadas de Elvis certamente combinam
com esse estilo over de filmar. O filme também embola situações, uma entrando
na outra, em momentos em que coisas simultâneas, ou próximas no tempo, estão
ocorrendo. Em outros momentos, há
divisão da tela, para que acompanhemos cenas diferentes. Enfim, ritmo não falta. É uma produção grandiosa, cinemão hollywoodiano.
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