O cinema francês tem tido uma presença
constante no mercado cinematográfico brasileiro. Cada vez mais filmes são exibidos e têm
conquistado um bom público para seus produtos.
Com o aumento da quantidade, porém, perde-se um pouco a qualidade. Filmes
apenas medianos e mais comerciais ocupam espaço e, por vezes, frustram as
expectativas desse público que já se acostumou e se identificou com o cinema
francês contemporâneo. Vejamos alguns
títulos que estão nos cinemas.
OS DOIS FILHOS DE JOSEPH |
OS
DOIS FILHOS DE JOSEPH (Deux Fils) tem um fio condutor interessante. O adolescente Ivan (Mathieu Capella), de 13
anos, tem seu pai Joseph (Benoît Poelvoorde) e seu irmão mais velho, Joaquim
(Vincent Lacoste), como referências masculinas importantes . Só que os dois o decepcionam
significativamente nesse papel. O pai,
porque após a morte do irmão abandona a profissão de médico para tentar ser
escritor. Joaquim, porque deixou sua
tese de lado e só vive atrás de mulheres e bebida. Exemplos que ele não quer seguir, mas... sabe
como é, né?
O elenco é excelente, mas não rende tudo o que
podia, nem a trama consegue se aprofundar no assunto. Os personagens não são tratados como
fracassados, embora estejam sendo, mas não são categorias, são pessoas que
sentem, se confundem, se perdem, mas merecem respeito. Já é alguma coisa, claro. Mas não é o suficiente.
O tom é leve, no entanto o filme não chega a
ser engraçado. E o drama dos personagens
fica no meio do caminho. 90 min.
O
PROFESSOR SUBSTITUTO (L’Heure de la Sortie), de Sébastien Marnier, começa de forma
impactante. Vê-se que o professor de uma
turma de alunos superdotados se joga da janela, tentando o suicídio. E quem vai enfrentar esses alunos que têm
comportamentos muito estranhos, em vários sentidos, é justamente o professor
substituto. Acontecerá o mesmo com
ele? Qual o segredo que esses alunos
escondem? Por que rejeitam e são
rejeitados pelos outros jovens da escola?
E a coisa toda passa do ambiente educacional para o campo do suspense e
do terror, indo para um outro registro.
Um bom elenco e questões relevantes contemporâneas, que recheiam a
trama, não chegam a produzir um filme que empolgue. 104 min.
UM HOMEM FIEL |
UM
HOMEM FIEL (L’Homme
Fidèle), de Louis Garrel, se inspira na tradição da nouvelle vague, lidando com um quarteto amoroso, formado por Abel
(Louis Garrel), Marianne (Laetitia Casta), Paul (Joseph Engel) e Eve (Lily-Rose
Depp), envolvendo separações, perda da mulher para o amigo, retorno no tempo,
expectativas amorosas que vêm desde a meninice, suas alternativas,
possibilidades e impedimentos. Nada de
tão novo, exceto o foco na fidelidade masculina, mas o filme flui bem, envolve
e trata de gente real. As relações
amorosas, sob os mais diversos ângulos, sempre foram o forte do cinema
francês. O filme foi escrito pelo
diretor e ator Louis Garrel, Florence Seyvos e ninguém menos do que Jean-Claude
Carrière, um dos maiores roteiristas da história do cinema francês. E isso faz toda a diferença. O filme dá seu recado sem enrolar nem perder
tempo, em apenas 75 minutos, bem aproveitados.
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