Antonio Carlos
Egypto
O INSULTO (L’Insulte). Líbano, 2017.
Direção: Ziad Doueiri. Com Adel Karam,
Rita Hayek, Kamel El Basha. 112 min.
O filme libanês “O Insulto” é um dos cinco finalistas na disputa pelo Oscar de
filme estrangeiro. É a primeira produção
do Líbano que chega a tanto. Compete com
“Sem Amor”, “The Square – A Arte da Discórdia”, “Corpo e Alma”, “Uma Mulher
Fantástica”. É uma proeza estar entre
esses títulos de peso. Não que ao tema
com que lida falte apelo. Ao contrário,
é assunto de todos os dias no noticiário internacional.
Uma
divergência absolutamente banal, uma calha que verte água por onde não podia,
molhando as pessoas, opõe dois homens. Um, é o mecânico cristão-libanês Tony (Adel Karam). O outro, é o refugiado palestino Yasser
(Kamel El Basha). Um desentendimento, um
insulto, e tudo vai parar nos tribunais.
A partir daí, o conflito não só se estabelece como vai progressivamente
se ampliando, para acabar abarcando toda a questão judaico-palestina que
envolve o Oriente Médio.
Tema espinhoso, sem solução, tratado com uma
certa ingenuiade política. Vamos
descobrindo, ao longo das discussões que o filme mostra, que, afinal, os dois
contendores em conflito, sofreram ambos violências atrozes. São, portanto, vítimas. O que abre espaço para o discurso da
conciliação, como se nessa história toda as coisas simplesmente se
equiparassem.
O que falta é o quê? Boa vontade, disposição política? Não é tão fácil assim. Há questões históricas complexas aí
envolvidas, fanatismos de todos os tipos: políticos, religiosos, culturais,
étnicos. Boas intenções não bastam. Aliás, o próprio filme apresenta esses
impasses quando mostra as reações dos grupos envolvidos e representados nas
ações dos tribunais, suas repercussões midiáticas e tudo o mais.
As pessoas, individualmente, podem se
pacificar, tornarem-se tolerantes, praticar a empatia. Ainda assim, o impasse coletivo continuará
lá. O social e o político não são a soma
das ações individuais. Assumem outra
dimensão que tem de ser encarada e a verdade é que ninguém mais sabe encontrar
o tal caminho da conciliação, nem mesmo sabe se, neste caso, ele ainda existe.
“O Insulto” é bem produzido, mas é um filme
absolutamente convencional. Já alcançou
uma evidência e um sucesso de público pelo mundo surpreendentes, pelo que
oferece.
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