Antonio Carlos
Egypto
O FILHO DE JOSEPH (Les Fils de Joseph).
França/Bélgica, 2016. Direção e
roteiro: Eugène Green. Com Victor
Ezenfis, Natacha Règnier, Fabrizio Rongione, Mathieu Amalric, Maria de
Medeiros. 115 min.
A questão que move a narrativa de “O Filho de Joseph”
é a da parternidade. Ausência e rejeição
pesam muito e o mínimo de equilíbrio e o bom humor parecem estar condicionados
ao encontro de figura paterna substituta.
O personagem central é Vincent, um adolescente de 15
anos, vivendo bem com a mãe, mas
insatisfeito por desconhecer o pai. Até
que o descobre e a decepção só cresce.
Desejos de vingança tomam corpo, no entanto, uma afetividade inesperada
pode pôr as coisas no lugar.
Dito assim, dá para imaginar um filme de fortes
emoções. Mas não é o que acontece. Os diálogos soam cerebrais, artificiais. Os tempos de reação são demorados,
estranhos. Evita-se o naturalismo e a
expressão de grandes emoções. Elas estão
lá, mas represadas ou enquadradas por um certo formalismo.
Além de um tanto formal, o filme é todo erudito, se
refere às diversas manifestações artísticas, como a pintura, a música, o cinema
e a literatura. Histórias bíblicas
inspiram a trama. Quem quiser buscar citações
vai encontrá-las em todo lugar, o tempo todo.
O diretor Eugène Green vai na mesma linha que adotou em “La Sapienza”,
seu filme de 2014.
O roteiro parte de uma temática bastante usual e
conhecida, mas tem um refinamento artístico que lhe dá um ar sofisticado. Seu maior mérito, porém, está na evolução das
situações e na solução que surpreende, pelo menos da forma como foi conduzida.
Os desempenhos soam estranhos, pelos já citados
racionalismo e formalismo que o filme adota.
Superado esse inconveniente, dá para curtir bem a proposta.
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