Antonio Carlos
Egypto
NO FIM DO TÚNEL (Al
Final del Túnel). Argentina,
2015. Direção e roteiro: Rodrigo
Grande. Com Leonardo Sbaraglia, Clara
Lago, Pablo Echarri, Federico Luppi, Uma Salduende. 120 min.
O cinema argentino, já há algum tempo, mostra força e
boa comunicação com o público brasileiro.
Tem uma produção diversificada, que vai do cinema de gênero a
filmes-cabeça, com maiores pretensões artísticas e que visam a estimular a
reflexão. Tem também comédias para consumo fácil. Geralmente com tramas bem urdidas,
reveladoras da qualidade dos roteiros, talvez o ponto forte do cinema dos hermanos.
“No Fim do Túnel” é um desses exemplos do bom cinema
de gênero. É um thriller que nos mantém em tensão permanente, nas suas duas horas
de projeção. Mas não joga areia nos nossos olhos, não. Mantém um clima de suspense constante, em
função do que vai ou do que pode acontecer, mesmo nos instantes de calmaria
aparente. É um filme empolgante naquilo
a que se propõe.
Os elementos que compõem a narrativa não chegam a ser
originais. Um quarto numa casa é
alugado, enquanto um grupo de bandidos constrói um túnel para realizar um
grande roubo no banco, passando por baixo da casa sem despertar suspeitas. O morador e dono da casa é um cadeirante com
uma vida solitária, porém, com talento especial para lidar com elementos
tecnológicos, como aparelhos de som e equipamentos de escuta e gravação. Condição necessária para que ele possa
intervir no plano dos bandidos.
Sua condição de vida, porém, também é mexida pela
personagem que aluga o tal quarto: uma mulher jovem, que trabalha como stripper, e sua filhinha, que
aparentemente não consegue mais falar.
Os destinos que se cruzarão não serão apenas o do herói-cadeirante e o
dos bandidos, mas o dele e o delas. A
trama se sofistica e produz um interesse extra.
A condição de herói-cadeirante que tem Joaquín
(Leonardo Sbaraglia) mostra a ideia de que uma deficiência física não é capaz
de limitar a ação inteligente, brilhante, de um personagem como ele. E produz sequências de tirar o fôlego,
visualmente requintadas, ao longo da trama.
Como é possível enfrentar as situações, movendo-se numa cadeira de
rodas, até entrando, andando e saindo de um túnel em construção, por exemplo? Com malfeitores ao lado e lutando contra o
tempo. Ufa!
Leonardo Sbaraglia, bastante conhecido por seu papel
em “Relatos Selvagens”, está também em “O Silêncio do Céu”, em cartaz nos
cinemas e objeto de postagem crítica recente no cinema com recheio. A cada
filme ele reafirma seu grande talento como ator. Nesse, exigindo uma perícia em cenas com
cadeira de rodas e sem poder movimentar as pernas, o que é notável.
Outro grande ator argentino, que é o veterano
Federico Luppi, está em “No Fim do Túnel”, num papel menor, o de um policial
que atua no mundo do crime (outra questão interessante de ser mostrada). É sempre bom vê-lo em cena.
Clara Lago faz a stripper
Berta, que convive com Joaquín na casa, e Pablo Echarri é o ladrão
Galereto, que comanda a turma no túnel.
São muito bons seus trabalhos, assim como o da menina que faz Betty, Uma
Salduende, com seu comportamento estranho e limitado em cena.
O jovem diretor Rodrigo Grande, que é também
roteirista, faz um excelente trabalho, realizando um filme envolvente, tenso,
instigante, e com uma trama recheada de elementos que acrescentam coisas
importantes à história central e a tornam muito mais interessante, sem perder o
foco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário