Antonio
Carlos Egypto
NOSSA IRMÃ MAIS NOVA |
NOSSA IRMÃ MAIS NOVA, do diretor japonês Hirokazu
Kore-Eda, é um filme terno, afetivo, que trata de relações familiares que se
estabelecem, se desfazem ou se recompõem.
Três irmãs conhecem, no funeral de seu pai distante, uma meia-irmã
adolescente, de quem se aproximam e a quem acolhem em casa.
Esse convívio será marcado, quase todo o tempo, por muitas descobertas e
alegrias. Um tema desses poderia levar a
algo piegas, mas não na mão de Kore-Eda, um seguidor da obra do grande Yasujiro
Ozu (1903-1963), aquele que explorava com sutileza dramas familiares. O diretor de “Pais e Filhos”, de 2012, está
aqui num registro mais leve e esperançoso.
Para ver e se emocionar.
BOA-NOITE, MAMÃE, terror austríaco, dirigido por
Severin Fiala e Veronica Franz, é um pesadelo doméstico muito bem
realizado. Fala-se em dois irmãos
gêmeos, numa casa nova com a mãe, que teve seu rosto alterado por uma cirurgia
plástica. A mãe se torna irreconhecível
e algo estranho e violentamente cruel se estabelecerá. Já dá para imaginar que a história não é bem
essa, claro. Filme de terror para se
sustentar costuma ter sua pegadinha, manipular o espectador. Esse não é diferente, mas é criativo. O elenco, formado por Susanne Wuest e os
garotos Lukas e Elias Schwarz, está muito bem.
Os fãs do gênero vão gostar, com certeza.
MEU AMIGO HINDU |
Em MEU AMIGO HINDU, Héctor Babenco costrói uma ficção
que parte da sua própria experiência com um longo tratamento de uma
doença. As incertezas, os medos, os
sentimentos e o desgaste que cercam a vida entre intervenções hospitalares e
remédios estão no centro de uma narrativa que consegue dar alguma leveza e
humor a uma história difícil e pesada.
As referências ao cinema, constantes no filme, são outro respiro
interessante nesse trabalho. O ator
norte-americano Willem Dafoe é o protagonista, o que acabou fazendo com que um
grande elenco brasileiro tivesse que representar em inglês. Isso pode funcionar para o mercado
internacional, mas soa muito estranho aqui ver Bárbara Paz, Selton Mello, Maria
Fernanda Cândido e Reynaldo Gianecchini, entre muitos outros, falando inglês
num filme brasileiro.
TUDO VAI FICAR BEM é o novo filme do grande diretor
alemão Wim Wenders, de “Paris Texas”, de 1984, “Asas do Desejo”, de 1987,
“Pina”, de 2011, e “O Sal da Terra”, de 2014.
É evidente que qualquer trabalho dele é uma garantia de bela filmagem,
cenas muito bem feitas, beleza estética.
Isso se confirma. Mas a história
derrapa com alguma frequência, como a neve escorregadia que causou um acidente
fatal no início do filme. O final é
pueril. O filme ser estrelado por James
Franco também não ajuda. Ele não dá
conta dos sentimentos intensos e ambíguos de seu personagem. Charlotte Gainsburg, Rachel McAdams e
Marie-Josée Croze, que compõem o elenco feminino, estão bem. Dá para ver, mas é claro que Wim Wenders pode
muito mais do que isso.
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