Antonio
Carlos Egypto
O PREÇO DA FAMA (La
Rançon de la Gloire). França,
2013. Direção e roteiro: Xavier
Beauvois. Com Benoît Poelvoorde, Roschdy
Zem, Etienne Comar, Chiara Mastroianni, Marie-Julie Maille, Peter Coyote,
Nadine Labaki. 110 min.
Charles Chaplin (1889-1977) pode ser considerado o
maior ícone da história do cinema mundial.
Por seu talento genial e pelo sucesso que obteve com seu personagem Carlitos em todas as partes do globo e
que já dura um século. Sua vida foi
marcada por histórias incríveis, que vão da fome que chegou a passar na
infância à conquista de ganhos tão polpudos que ele não poderia imaginar nem em
seus melhores sonhos. Mesmo após a
morte, a figura de Chaplin ainda viveu uma grande aventura. O caixão com o
corpo foi roubado de sua sepultura, na Suíça, poucos meses após o enterro,
ocorrido no Natal de 1977.
A história desse sequestro, de um lado foi dramática,
para a família e para a enorme legião de fãs, que ainda assimilava a perda do
mito. De outro, tem lances cômicos. O
corpo sumiu, a notícia se espalhou e muita gente entrou na concorrência com os
sequestradores reais, tentando extorquir grana da família, na base do trote. E uma série de trapalhadas acabou acontecendo,
até que o caso fosse resolvido. Assim
como nos maravilhosos filmes de Chaplin, também a realidade seria cômica e
dramática, ao mesmo tempo.
A história real desse incrível e improvável sequestro
do corpo de Chaplin inspirou o filme “O Preço da Fama”, de Xavier Beauvois, o
mesmo cineasta que realizou “Homens e Deuses”, em 2010.
A trama mostra dois homens sem dinheiro, um, que
acabou de sair da prisão, Eddy (Benoît Poelvoorde), e o outro, Osman (Roschdy
Zem), com uma filha pequena e a mulher doente.
A ideia de desenterrar e roubar o caixão com o corpo de Charles Chaplin
parece simples, de fácil realização, e que promete um lucro fabuloso. Pode não ser bem assim, como se verá, mas
outros casos similares andaram acontecendo e tinham dado certo. Vai daí que vale a pena tentar,
principalmente para quem não tem nada a perder.
Além do mais, a morte de Chaplin esteve diariamente no noticiário com
destaque, seus filmes sendo reprisados.
O mundo lamentava a perda. Que
melhor momento para lucrar com isso?
“O Preço da Fama” é bem realizado, leve, engraçado,
envolvente. E coloca poesia na história,
homenageando o grande palhaço que fez o mundo rir, na trajetória do
ex-presidiário Eddy que encontra no circo, na função de palhaço e no riso, o
amor e a ternura que lhe abrem caminhos.
Valoriza também a expiação da culpa e o perdão, como Carlitos certamente faria.
Uma direção segura, um bom roteiro, atores e atrizes
muito bons, garantem um bom espetáculo.
A história, embora bem conhecida, pode interessar muito aos mais jovens
que não souberam, não se informaram sobre ela, ou aos que se esqueceram do
assunto. Afinal, os fatos ocorreram em
1978, já se passaram 37 anos.
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