quarta-feira, 2 de abril de 2014

Noé

Tatiana Babadobulos



Noé (Noah). Estados Unidos, 2014. Direção: Darren Aronfsky. Roteiro: Darren Aronofsky e Ari Handel. Com: Russell Crowe, Jennifer Connelly, Anthony Hopkins. 138 minutos 



Existe uma teoria (dita por um professor durante o curso de crítica de cinema na pós-graduação) de que todos os roteiros de filmes podem ser lidos na Bíblia, independentemente de a história ser acerca de temas bíblicos ou não. Não sei se TO-DOS estão lá, mas tenho certeza de que “Noé” (“Noah”) está.
O longa-metragem, que estreia nesta quinta-feira, 3, conta a história do homem (Russell Crowe) escolhido pelo Criador para salvar a vida dos inocentes, visto que um dilúvio – quando a água do céu encontrará a água da terra – está prestes a acontecer e acabar com o mundo.
Diferentemente de outras versões do filme, cuja primeira foi “A Arca de Noé”, de Michael Curtiz, mostrada em 1928, ou até mesmo da paródia estrelada por Steve Carrell, em “Todo Poderoso”, aqui a trama é levada a sério pelo diretor Darren Aronofsky (“Cisne Negro”), com roteiro escrito por ele e por Ari Handel (“A Fonte da Vida”), inspirados nas páginas do livro de Gênesis.
Quando se fala em Noé, as pessoas, obviamente, o associam à arca que ele constrói. O filme, porém, conta a história desde o início, desde quando não existia nada, e o Criador fez Adão, Eva, a maçã que eles comeram e foram expulsos do paraíso. Adão e Eva comeram o fruto do pecado e tiveram três filhos: Caim, Abel e Set. Caim matou Abel e se separou de Set, dando origem a outra linhagem e à eterna briga entre o bem e o mal.
Noé, neto de Matusalém (Anthony Hopkins, de “O Silêncio dos Inocentes”), pertence à linhagem de Set e é o escolhido para construir uma arca e salvar os animais, sempre aos pares,a fim de perpetuar a espécie após o dilúvio. Os homens (e as mulheres) estão descartados dessa salvação. Matusalém, neste filme, é retratado como mentor de Noé. É dele as ações que vão encontrar muitos desdobramentos ao longo da trama.
Religioso, Noé acredita que o Criador não quer que a humanidade seja salva. Para construir a arca, recebe ajuda dos Guardiões, anjos de luz que ganharam a forma de pedra (e lembra os personagens de “Transformers”…) como castigo para fincarem no pé na Terra por ter desobedecido a uma ordem.
Mas como existe a luta do bem contra o mal, Noé será confrontado por uma legião de humanos que também querem subir na arca. Os humanos são liderados por Tubal Caim (Ray Winstone, “Os Infiltrados”), descendente de Caim. Daí nasce o confronto e a maldade.

A construção da família perfeita de Noé é composta por sua mulher, Naameh (Jennifer Connelly, com quem Russell formou par romântico em “Uma Mente Brilhante”), e três filhos: Sem (Douglas Booth), Ham (Logan Lerman) e Jafé (Leo Carroll ). Emma Watson (a Hermione da série “Harry Potter”) é Ila, mulher de Sem. Lá pelas tantas, é ela quem protagoniza sequências dramáticas do filme, que tinha ares de, vá lá, ficção científica com um tema bíblico – com, por exemplo, a presença dos Guardiões.

Na visão de Aronofsky, Noé é religioso, segue à risca a missão que lhe foi passada e não tem compaixão, além de ser extremamente prático e confiante. “Noé” preza pelo cinema de espetáculo, com efeitos especiais, barulho e três dimensões. Erra, por exemplo, ao se levar a sério e ao fazer dramalhão quando questiona sobre “fazer justiça com as próprias mãos”.


A maior bilheteria do fim de semana passado nos Estados Unidos, “Noé” poderá ser visto no Brasil em 2D e 3D e na versão Imax. Embora a tridimensional coloque o espectador dentro da tela, não é indispensável para o espetáculo conseguido, em sua maior parte, com a ajuda da computação gráfica.

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