Tatiana Babadobulos
Anos Incríveis (Télé Gaucho). França, 2012. Direção e roteiro: Michel
Leclerc. Com: Félix Moati, Eric Elmosnino, Sara Forestier, Emmanuelle
Béart, Yannick Choirat, Maïwenn. 112 minutos
Antes da revolução digital, em meados dos anos 1990, as filmadoras começaram a
substituir as câmeras fotográficas no modo caseiro. Nesta época, segundo o
diretor Michel Leclerc (“Os Nomes do Amor”), os amantes do cinema
resolveram investir em
televisão. No longa-metragem “Anos Incríveis” (“Télé Gaucho”),
ele retrata jovens lutando por dias melhores.
Na efervescência desse combate, Jean-Lou (Eric
Elmosnino), Yasmina (Maïwenn), Victor (Félix Moati), Clara (Sara Forestier) e
amigos aproveitaram a chance de “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” para
fazer uma revolução esquerdista.
Assim, criam uma TV pirata com um programa “Objetos que nos
irritam” que traz esquetes extraídas do dia a dia e se comunicam com seus
telespectadores. A ideia é ser anarquista e provocativa, e contra as
grandes redes de televisão. Um dos focos do grupo é a destruição de Patrícia
Gabriel, uma apresentadora de um grande canal que só pensa em agradar a
audiência, sem se preocupar com o conteúdo de qualidade. Aqui, ela representa o
inimigo e, segundo uma das personagens, é preciso derrotá-la.
Depois de fazer parte do Festival Varilux de Cinema Francês,
em maio deste ano, “Anos Incríveis” chegou aos cinemas na sexta-feira, 20.
Ao mesmo tempo em que traz a engajada Yasmina, preocupada
com a revolução, com os esquerdistas, traz Victor, um rapaz talentoso,
apaixonado por cinema, e que vai fazer, juntamente enquanto trabalha na TV
pirata, estágio no programa da Patrícia Gabriel. Para fazer o jogo duplo, ele é
intimado a afanar produtos da grande rede como moeda de troca de trabalhar para
uma subversiva.
Quando tem o primeiro filho com Clara, Victor o batiza de
Antoine, em uma óbvia homenagem do diretor, também autor do roteiro, a Antoine
Doinel, o alter ego de François Truffaut.
“Anos Incríveis” é uma comédia inteligente e espirituosa,
que retrata uma geração que não luta contra o governo, mas contra a comunicação
de massa que invade a casa das pessoas sem nada de bom a oferecer.
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