Antonio Carlos Egypto
ELEFANTE BRANCO (Elefante Blanco). Argentina,
2011. Direção: Pablo Trapero. Com Ricardo Darín, Martina Gusman, Jérèmie
Renier. 110 min.
Um projeto para construir o maior hospital da América
Latina, em Buenos Aires, foi concebido e iniciado em 1937. Abandonado, retomado e novamente abandonado,
acabou se tornando o elefante branco do título do novo filme de Pablo
Trapero. Em seu entorno, se formou uma
favela com cerca de 30 mil moradores, foco de violência e disputa pelo controle
do tráfico de drogas entre gangues fortemente armadas.
Nesse ambiente se situa a paróquia de Jesus Operário,
onde atua o Padre Juan (Ricardo Darín), respeitado e admirado pela comunidade,
a assistente social Luciana (Martina Gusman) e para onde vai também o padre
francês Nicolás (Jérèmie Renier), que conseguiu sobreviver a um violento ataque
durante uma missão na selva amazônica.
A questão social é tão fortemente abordada no filme
de Trapero que é como se estivesse gritando aos nossos ouvidos, nos
ensurdecendo. A mise-en-scène do diretor nos coloca dentro do ambiente da favela,
vivendo tudo o que aquela comunidade experimenta de pobreza, de insegurança, de
revolta, de risco, de intolerância. E
ele não coloca os habitantes da favela simplesmente como vítimas. Eles também cometem erros muito grandes e
injustiças flagrantes. Mas, é claro que,
no ambiente em que vivem, acaba sendo inevitável. A assistente social e os padres sabem disso.
O papel da igreja na história é bem ambíguo. De um lado, os padres dedicados, corajosos e
solidários, que vivem junto à comunidade.
De outro, uma hierarquia católica que se revela incompetente e pouco
sensível ao drama das pessoas. Tudo é
muito bem matizado em “Elefante Branco”.
Não há mocinhos, nem bandidos.
Mas uma realidade social nua e crua, que Pablo Trapero nos obriga a
encarar com suas imagens contundentes.
O trio de atores que conduz a trama do filme é
excelente, muito convincente em suas atuações.
Dá força ao drama humano que decorre diante de nossos olhos.
Pablo Trapero,, um dos mais brilhantes cineastas
latino-americanos, já nos deu outras obras de grande densidade e força como
essa. É só se lembrar de filmes como “Leonera”,
de 2008, e “Abutres”, de 2010 (veja a crítica de “Abutres” no cinema com
recheio – novembro/2010). “Elefante
Branco” foi exibido no Festival do Rio 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário