Antonio Carlos Egypto
UM HOMEM DE SORTE (The Lucky One). Estados Unidos, 2011. Direção: Scott Hicks. Com Zac Efron, Taylor Schilling, Blythe Danner, Jay R. Ferguson. 101 min.
Logan Thibault (Zac Efron) é um homem de sorte, servindo como fuzileiro naval no Iraque, escapou de morrer numa explosão, porque encontrou a foto de uma mulher bonita no chão, namorada de um colega morto. Esse é o mote do filme. Claro que, ao voltar da guerra, ele vai em busca dessa mulher: Beth (Taylor Schiling), e por aí se constrói uma história de amor. E tudo é mais ou menos previsível, ao longo de todo o filme.
O problema é que Logan não é apenas um homem de sorte, é um homem de caráter, muito bom, cheio de talentos e habilidades. Até os traumas de guerra, os barulhos dos bombardeios que o assombravam quando voltou do Iraque, ele resolve em dois tempos, dispensando o analista. Ele só não é perfeito porque não encontra as palavras a dizer, quando deveria, no momento certo. Esse é seu único pecado e o que abre espaço para o conflito na relação com Beth. Se ele não tivesse, digamos, essa dificuldade, que não chega a ser um defeito, o filme simplesmente não existiria
Logan é jovem, bonito, talentoso, amoroso, disponível, um doce de pessoa e, ao mesmo tempo, um herói, dentro e fora da guerra. Um autêntico herói romântico, um clichê. Um pouco demais, não é?
Beth é mais complicada, tem suas culpas, medos, inseguranças. Vive em suspensão pela perda do irmão e pela separação do marido. Não é alegre, quase não sorri, mas é trabalhadora, uma mãe amantíssima, tem talento para ensinar e toca muito bem o seu negócio com cães, num lugar bonito, de natureza. Nada mal, também.
Há, ainda, um garoto de 8 anos, filho de Beth, que é cheio de talentos: inteligente à beça, toca violino, estuda e joga xadrez como gente grande, mas é tímido. Sua avó, mãe de Beth, é uma simpatia. Arguta, enxerga longe, mas é discreta. Evita intrometer-se, embora já tenha percebido tudo o que acontece ao redor. Sorridente e afetiva, é uma mulher cativante.
Essa história também terá os seus vilões, ou aqueles que colocam seus interesses à frente do bem-estar dos outros. Mas não chegam a ser criaturas más, e isso é afirmado explicitamente pelo nosso jovem herói.
Tanta beleza e bondade só poderiam mesmo triunfar diante das adversidades. Afinal, gente com essas características não costuma se dar mal. E o entretenimento hollywoodiano contemporâneo não está aí para incomodar as pessoas. Uma morte pode ser providenciada na hora precisa, para acabar com os conflitos e, ao mesmo tempo, ressaltar o heroísmo do protagonista. E todos ficamos em paz: os personagens e os espectadores. Ou seja, um novelão.
“Um Homem de Sorte” tem produção bem cuidada e locações bonitas, de modo a oferecer a quem gosta deste tipo de espetáculo um produto bem acabado, capaz de proporcionar um agradável programa para o fim de semana. Ou, quem sabe, um bom filme para se ver em casa, na TV paga, despreocupadamente, daqui a algum tempo.
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