Tatiana Babadobulos
A Delicadeza do Amor (La Délicatesse). França, 2011. Direção: David e Stéphane Foenkinos. Roteiro: David Foenkinos. Com:Audrey Tautou, François Damiens e Bruno Todeschini. 108 minutos
Não há problema em se dizer que, após o romance, vem o drama no longa-metragem "A Delicadeza do Amor". Isso porque, nas primeiras linhas da contracapa do livro no qual o filme foi baseado, está escrito que o marido da protagonista morre.
Na narrativa, Nathalie (Audrey Tautou, de “Coco Antes de Chanel”) tem a vida de fazer inveja quem a conhece. Vive o romance perfeito, é apaixonada pelo marido François (Pio Marmaï), os dois resolvem se casar e a família os apoia – embora, na sequência, venha a cobrança pela chegada do herdeiro. Nas primeiras cenas, os dois mostram ao espectador como são felizes e ela pergunta, em narração em off, se os casais apaixonados retornam ao local onde se conheceram para celebrar o amor. Porém, quando menos se espera, o romance vira drama. É quando ela se afunda no trabalho para tentar se esquecer do amor.
Mas a vida continua, e Nathalie repensa a sua, embora acredite que jamais será feliz novamente. Ela trabalha em uma empresa sueca e conhece Markus (François Damiens, de “Como Arrasar um Coração”), seu subordinado que veio de Estocolmo. Depois que voltou da licença, seu chefe, Charles (Bruno Todeschini), lhe dá uma promoção e ela passa a liderar uma equipe de seis pessoas.
Audrey ficou conhecida pelo público fora da França depois do seu sucesso como a personagem-título do longa “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”, lançado em 2001. A atriz cumpre o papel com maestria, mistura o senso de humor necessário para a personagem, sem se esquecer de que é uma moça que sofreu com a morte do marido e que, por muitos anos, viveu amargurada. Em todo caso, tem o direito de seguir em frente e ser feliz. Mas o humor está presente mesmo nas sequências estreladas pelos dois rapazes que passam a se interessar pela viúva. Markus diz que “ela me permite ser a melhor versão de mim!” E Charles reclama: “E ainda é poeta o infeliz!” Assumindo o motivo pelo qual ela fez a sua escolha.
Com roteiro de David Foenkinos (autor do livro em sua estreia em longas) e direção dele ao lado do irmão Stéphane (ambos trabalham juntos há 10 anos, embora também seja a sua estreia na direção de longas-metragens), o filme segue exatamente a estrutura do livro (editora Rocco, 2011, 192 páginas, R$ 34,50), com diálogos bem construídos, embora não tenha as frases de efeito que tanto o autor gosta de citar. E também não traz surpresa ao espectador que por ventura tenha lido o romance. Em todo caso, a fidelidade, aqui, é bem-vinda, principalmente porque trata-se de uma boa história.
Em seu livro anterior, “Em Caso de Felicidade” (editora Rocco, 2008, 184 páginas, R$ 34), David também utiliza frases de efeito. E, nos dois romances, seus personagens são infiéis, já que, no primeiro livro, a esposa contrata um detetive para vigiar o marido (e se casa com ele) e, aqui, após a tragédia, o chefe casado se apaixona pela moça, mas ela não cede.
"A Delicadeza do Amor" é um filme intimista, que celebra o amor, embora exista uma tragédia logo no início. De qualquer maneira, não deixa de ser realista. E, aliás, bastante francês.
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