Antonio Carlos Egypto
MONSIEUR AZNAVOUR. França,
2024. Direção: Mehdi Idir e Grand Corps
Malade. Elenco: Tahar Rahim, Bastien Bouilon, Camile Moutawaki, Marie Julie
Baup. 130 min.
Charles Aznavour (1924-2018), artista francês de origem armênia, foi,
inegavelmente, um dos maiores portentos da música no mundo e um dos maiores
representantes da cultura francesa em todos os tempos. Grande cantor de longeva carreira e
compositor de nada menos do que 850 canções, com um sem-número de sucessos que
todos nós conhecemos. Inclusive os mais
jovens que forem bem informados.
Uma cinebiografia do artista teria de focalizar com destaque a sua grande
obra, acima de tudo. Isso “Monsieur
Aznavour” faz muito bem, partindo do seu começo como criador, chegando com
dificuldade às canções mais icônicas, dado o volume do trabalho. Mas música não falta.
Aznavour
foi um talento transbordante, mas um trabalhador dedicado e incansável, é o que
mostra o filme. Um artista muito ambicioso, para quem tudo
era pouco, e o seu auge ainda incluía dúvidas.
Queria conquistar literalmente o mundo todo, em turnês incansáveis por
todas as partes, as mais importantes e significativas do globo. E essa ambição ficou acima de tudo, da
família, dos amigos, do planejamento da carreira. Dinheiro também era essencial, ele sabia
cobrar, a ponto de que, para se satisfazer, precisou alcançar o que seria quase
impossível: receber a mesma remuneração que Frank Sinatra, em plenos Estados
Unidos da América.
Nunca parou de percorrer esse
caminho até a morte. Ele disse que
esperava que ocorresse no palco o seu último suspiro. Isso praticamente aconteceu mesmo. Morreu em casa, no sul da França, tendo
acabado de voltar de uma turnê pelo Japão, aos 94 anos.
Sua atuação não se restringiu,
apesar de tudo, somente à música. Vendeu
mais de 100 milhões de discos em 80 anos de carreira, mas fez também 60 filmes
como ator, ganhou uma estrela na Calçada da Fama em Hollywood e foi diplomata
franco-armênio.
O filme cobre bastante a vida e a
importância de Charles Aznavour, incluindo suas mulheres, vida familiar, o
drama que acometeu um filho seu e toda a fase que ele viveu artisticamente ao
lado de Edith Piaff (1915-1963), que lhe abriu as portas da vida artística, mas
preferia mantê-lo como compositor a alavancar sua carreira como cantor.
Enfim, há muita informação
importante que o filme traz ou tenta contextualizar, numa abordagem
cinematográfica do tipo clássica, contada linearmente. Mas faz jus à imensidão do biografado, e
envolve o público.
Como complemento, recomendo a leitura de um texto que escrevi em 03/01/2021 sobre o documentário de Marc di Domenico, “Aznavour Por Charles”, aqui, no cinema com recheio.
https://cinemacomrecheio.blogspot.com/2021/01/aznavour-por-charles.html
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