Antonio Carlos Egypto
12:12:O
DIA (12.12:The Day). Coreia do Sul, 2024. Direção: Kim Sung-soo. Elenco: Hwang-jung-min, Jung Woo-sung, Lee
Sung-min, Park-Hae-joon, Kim Sung-kyun.
141 min.
Um
filme que trata de golpe de Estado é o coreano “12:12: O Dia”, que estava previsto
para chegar aos cinemas brasileiros em janeiro, não aconteceu, já foi objeto de
uma postagem aqui naquele período, e agora finalmente chega às telonas.
Portanto, reproduzo aqui o comentário que eu já havia postado anteriormente. É
um filme que merece atenção, representou a Coreia do Sul no Oscar de filme
internacional.
O dia
12 de dezembro de 1979 ficou marcado como aquele que deu início a um golpe
militar, após muitos confrontos internos nas Forças Armadas e acabou pondo fim
a uma “primavera” coreana, uma situação em que a abertura política e uma visão
mais aberta e liberal do poder sucumbiu à força das armas. Isso iria mudar ao longo dos anos 1980, mas o
momento relatado no filme foi aquele que pôs em confronto as forças do
Comandante Chum-Doo-gwang com as forças de resistência do Comandante
Lee-Tae-shin, após o assassinato do presidente Park e da decretação da lei marcial.
O
impressionante desse filme, dirigido por Kim-Sung-soo, é que ele reconstrói,
passo a passo, com alguns elementos ficcionais, os eventos de ação e reação
dentro das Forças Armadas que foram ocorrendo até a consumação do golpe de
Estado. Vemos as forças em ação, avanços
e recuos, a incerteza de cada decisão, de lado a lado, os dilemas morais e os
confrontos pessoais, no meio das ações políticas e, principalmente, das militares.
Acaba
sendo um belo filme de ação, que se vale do substrato de uma realidade
política, que deixa muito claro que a democracia só sobrevive se for defendida
e, ainda assim, qualquer percalço pode colocá-la em risco.
“12:12:
O Dia” foi o filme de maior sucesso de público na Coreia do Sul no ano passado
e chega em hora decisiva e oportuna, nos momentos em que, em dezembro de 2024,
o presidente Yoon Suk-yeol tentou um golpe, ao declarar lei marcial, fechar o
Parlamento e restringir a liberdade de imprensa. Acabou sofrendo impeachment e foi preso. Ou
seja, a história se repete a todo instante.
Às vezes com sucesso, às vezes, sem.
É preciso estar atento, por isso filmes como esse são importantes de
serem vistos e comentados.
Ainda
está em cartaz nos cinemas um outro filme da Coreia do Sul, que prima pela
simplicidade e pelo minimalismo. É “As
Aventuras de Uma Francesa na Coreia” (Yeohaengjaui
Pilyo). A direção e o roteiro são do
já bastante conhecido do público cinéfilo Hong-Sang soo. No elenco, Isabelle Hupert faz a francesa e
interage com Hye-Yang lee e Hae-Hio kwon, entre outros. Ali, uma vez mais, no cinema desse cineasta,
o que está em questão é o relacionamento humano, o diálogo que se dá em volta
da mesa com bebida e comida e as necessidades humanas das pessoas com alguma
vulnerabilidade. E também as saídas que
as pessoas encontram para driblar os problemas, sejam eles de ordem econômica
ou psicológica. Aqui, nesse cinema de encontros destaca-se o makgeolli, um vinho de arroz típico da
Coreia que encanta a francesa e impulsiona as conversas. Acaba levando a respostas que, tanto expõem os
preconceitos, quanto acentuam os mistérios da situação mostrada. 90 min.