E A
FESTA CONTINUA! (Et La Fête Continue!). França, 2023.
Direção: Robert Guédiguian.
Elenco: Ariane Ascaride, Jean-Pierre Darroussin, Gérard Meylan, Lola
Naymark, Robinson Stévenin. 106 min.
“E a
Festa Continua!”, dirigido por Robert Guédiguian, é o que se pode chamar de um
filme coral. Reúne diferentes
personagens, com distintas questões, que terão de aprender a conviver com
outros e caminhar na busca de seus objetivos pessoais e coletivos.
A
cidade de Marselha é um importante personagem da história. Por sua beleza e por seus problemas. Tudo começa com prédios condenados a desabar,
que colocam as pessoas na condição de sem-teto, de uma hora para a outra, sem a
devida previsão e assistência. Não falta
quem pratique o ativismo social e os apoie e organize lutas junto ao poder
público e à sociedade. Sem se esquecer
de promover um congraçamento embalado pela música. De contestação, por que não? Mas animada e divertida.
O amor
e a afetividade têm grande força no filme e questões identitárias também. A comunidade armênia, que busca crescer e se
valorizar, por exemplo, espera de um jovem apaixonado que faça planos de
casamento com muitos filhos. O que pode
não ser desejado ou possível, junto à sua amada. Os que se redescobrem amando e encantados em
torno dos 70 anos é outro aspecto fundamental da realidade aqui abordada.
E quem
está presente juntando todas essas coisas?
Um busto de Homero, o poeta da Grécia antiga, tido como cego, que serve
de testemunha ao que acontece na cidade.
Por ser cego, não vê, mas ouve os desabamentos ruidosos e muito
mais. É em nome dele que se tem que
travar batalhas homéricas por um mundo melhor.
Com persistência e resiliência, acreditando sempre, recomeçando
sempre.
“E a
Festa Continua!” está falando de vida e das nossas crenças em meio a uma
realidade nem tão festiva assim, mas que tem causas a unir as pessoas. Causas político-eleitorais também. É a partir do município que as transformações
passam a acontecer. Muito apropriado
para o nosso momento político, com eleições municipais este ano. Por lá o tom é de esquerda, mas, como de
costume, falta união em torno da causa.
O que dificulta a escolha de um candidato comum.
Já deu
para perceber que o filme é todo amor, poesia e política, ecoando um mundo mais
solidário e humano do que temos visto por aí, em qualquer parte. Ressalta a
importância de ler e compreender o mundo e as pessoas para alcançar avanços
significativos. E superar a inevitável
solidão a que estamos expostos. A comida
compartilhada também tem seu papel quanto a isso.
Um
belo elenco, bem afinado, nos transmite esse sentimento elevado que está na
base da proposta do filme. E que, com
leveza, vai nos indicando um caminho generoso a seguir.
LUIZ MELODIA – NO CORAÇÃO DO BRASIL,
documentário brasileiro, de 2024, dirigido por Alessandra Dorgan, 85 minutos,
foi o filme que encerrou o festival É TUDO VERDADE. Todo realizado com imagens de arquivo e
narrado em primeira pessoa pelo compositor, cantor e ator Luiz Melodia
(1951-2017), é um belo trabalho que resgata a sua obra com competência. Eu quis saber sobre o lançamento do filme nos
cinemas. A resposta que obtive é de que
não há previsão. Pode, inclusive, chegar
ao streaming direto. Agora, vai percorrer o circuito dos
festivais. É pena, mas é isso.
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