UMA FAMÍLIA FELIZ (com
o F ao contrário), longa dirigido por José Eduardo Belmonte, a partir de
roteiro de Raphael Montes, que já foi lançado em livro com sucesso, tem uma
história forte e intrigante. Gera um
clima tenso o tempo todo, supostamente num ambiente privilegiado. Mas que não tem nada de feliz. Suspense dramático e terror psicológico, a
partir de questão de gravidez e filhos que ocupam a vida de uma mulher. Enlouquecida?
Má? Pressionada ao extremo, como
a maioria das mulheres? Ela tem
depressão pós-parto, contrastando com sua atividade de construir bonecas. O fato é que coisas estranhas estão
acontecendo com suas filhas e pondo em risco um bebê recém-nascido. Ela recebe acusações que vêm da comunidade e
do próprio marido. Esse papel
dilacerante abre espaço para um belo desempenho de Grazi Massafera. Já seu parceiro, Reynaldo Gianecchini, faz
uma composição que me pareceu plácida demais para os eventos que o seu
personagem vivencia. De qualquer modo, o
clima do filme é alto em tensão e intensidade, ao longo de seus 106
minutos. É um exemplar de um filme
brasileiro de gênero, realizado com bastante competência.
O HOMEM DOS SONHOS, produção
estadunidense, dirigida por Kristoffer Borgli, com Nicolas Cage como
protagonista, é um filme que parte de uma situação tão absolutamente
inverossímil que não consegue sustentar, de forma minimamente convincente, a
sua trama. Trata-se de um homem comum,
professor universitário da área de Biologia, pai de família, que vive uma vida
anônima, até que de repente todo mundo, do nada, passa a vê-lo nos sonhos. Gente com quem ele convive e, principalmente,
gente que não o conhece. O filme, então,
se esforça por explorar o que se passa quando ele fica famoso e depois, também,
quando é muito hostilizado e perseguido ao se tornar agressivo e com ímpetos
assassinos, nos sonhos de todos. Ou
seja, a cultura da viralização e do cancelamento. Ora, que sentido tem isso? O sonho pertence ao sonhador, diz respeito a
ele e aos seus sentimentos e não a quem, eventualmente, surja no sonho. As reações das pessoas não se justificam, de
forma alguma. O personagem tenta se
defender, dessa forma, dizendo não ser responsável por nada do que alguém sonhe
com ele, mas não adianta. Na base da brincadeira, aparece até o que seria uma
justificativa, a do inconsciente coletivo de Jung. Nada mais absurdo. O que pode haver de coletivo nos sonhos diz
respeito à cultura, à história, aos símbolos, aos atavismos que estão nas
sociedades humanas. Não a um indivíduo
atual, que não representa o conjunto da sociedade. Comédia? Não consegui entrar nessa história
estapafúrdia, nem me divertir. 102
minutos.
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