Numa
postagem aqui, no começo de junho, eu apontei algumas mostras de cinema
importantes que estavam ocorrendo.
Bastante coisa boa e acessível.
Mas o tempo de duração de cada mostra é pequeno – uma semana ou pouco
mais, em geral. Além de que acontecem
também simultaneamente em alguns dias.
Assim, é preciso tempo, saúde, disposição e interesse para conseguir
acompanhar. Eu vi alguma coisa, mas
muito menos do que gostaria, em grande parte porque tive de me dedicar a cuidar
da saúde, fazer consultas, exames, fisioterapia. Isso tudo toma muito tempo.
Terruá Pará |
Do
Festival de Documentários Musicais In-Edit (15ª. edição), eu já tinha visto o
deslumbrante ELIS & TOM, só tinha que ser com você, de Roberto
Oliveira e Jom Tob Azulay, que registra o trabalho desenvolvido por Tom Jobim,
Elis Regina, César Camargo Mariano e outros músicos, para a realização de um
disco histórico, Elis & Tom, um
dos melhores álbuns da MPB de todos os tempos, gravado em Los Angeles em plena
ditadura militar brasileira. O filme
também é ótimo, empolgante, mostrando aspectos da intimidade das relações
desenvolvidas por lá, com imagem restaurada em 4K. Vai entrar em cartaz brevemente,
suponho. É para ficar atento e não
perder.
O
vencedor do Festival In-Edit eu vi e também gostei bastante. É TERRUÁ
PARÁ, de Jorane de Castro, que colhe depoimentos e mostra o trabalho de
diferentes vertentes da belíssima música que se faz no Pará, atualmente, que
vai do versátil catimbó ao tecnobrega, à música experimental e erudita, com
influências que vão dos cantos indígenas aos sons da floresta e da água, da
vizinha Guiana e do que é incorporado por lá do que vem de fora da
Amazônia. A natureza complementa o filme
com uma beleza que amplia a da música. O
filme é bonito visualmente também. E bem emocionante. Quem não tem ideia do que estou falando tem
de ficar atento se esse filme for lançado nos cinemas em breve. E deve ser, afinal, ganhou o festival. É indispensável conhecer essa música incrível
do Pará.
A
programação, que complementei on line,
aproveitando o que o festival ofereceu, tinha coisas bem interessantes também,
como TANGOS E TRAGÉDIAS PARA SEMPRE,
de Aloísio Rocha, e TWIST, de Ron
Mann, do Canadá.
Do
81/2 Festa do Cinema Italiano, em sua 10ª. edição, neste 2023, só consegui ver SERGIO LEONE – O ITALIANO QUE INVENTOU A
AMÉRICA, documentário dirigido por Francesco Zippel, que foi o preferido do
público, o filme mais votado. Sergio Leone
(1929-1989) foi um grande inovador e um ousado realizador cinematográfico. Pode-se atribuir a ele (e a uns poucos de menor resultado) a criação de
um subgênero cinematográfico pra lá de improvável: o western spaguetti. E a
criação foi grande sucesso de público e tem a admiração da crítica, em função
do talento criativo de Leone. Duas
enormes obras primas, como “Era Uma Vez no Oeste” e “Era Uma Vez na América”
são o maior atestado dessa obra notável, reconhecida e explicada no
documentário por gente como Clint Eastwood, Robert De Niro, Steven Spielberg,
Martin Scorsese, Quentin Tarantino, Darren Aronofsky, Dario Argento, etc.. Se
essa gente diz que seguiu e aprendeu muito com Leone, está tudo dito, não? Esperemos que o filme seja lançado logo. É um documentário importante, de peso, para o
cinema italiano e mundial.
Sergio Leone |
E as
mostras continuam. O próprio cinema
italiano tem uma segunda parte de atrações, um ciclo chamado de “A Grande
Arte”, com filmes sobre Caravaggio, Leonardo da Vinci, Gustav Klimt e Schiele,
Tintoretto, Monet, Van Gogh, Picasso, Gauguin e Michelangelo, de 22 de julho a
23 de agosto. Veja a programação aqui: www.festadocinemaitaliano.com.br
A
Cinemateca Brasileira apresenta até 09 de julho uma mostra reunindo dois
cineastas importantíssimos para a história do cinema: Robert Bresson e Chris
Marker. Recomendo “A Grande Testemunha”,
que já citei quando falei do filme “Eo”, e “O Dinheiro”, de Bresson, com sua
concisão, precisão, capacidade de contar com clareza uma história, utilizando
elipses magníficas. De Marker, vale conferir o seu trabalho documental da
realidade e a ficção como reflexo dela.
O pequeno filme experimental “A Pista” (La Jetée) é memorável e surpreendente. Tem uma outra mostra paralela
na Cinemateca, simultânea a essa, que apresenta filmes do Cinema Japonês
Contemporâneo. Confira aqui: www.cinemateca.org.br/programação
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