domingo, 2 de julho de 2023

FILMES E MOSTRAS

                              

Antonio Carlos Egypto

 

 

Numa postagem aqui, no começo de junho, eu apontei algumas mostras de cinema importantes que estavam ocorrendo.  Bastante coisa boa e acessível.  Mas o tempo de duração de cada mostra é pequeno – uma semana ou pouco mais, em geral.  Além de que acontecem também simultaneamente em alguns dias.  Assim, é preciso tempo, saúde, disposição e interesse para conseguir acompanhar.  Eu vi alguma coisa, mas muito menos do que gostaria, em grande parte porque tive de me dedicar a cuidar da saúde, fazer consultas, exames, fisioterapia.  Isso tudo toma muito tempo.

 

 

Terruá Pará

Do Festival de Documentários Musicais In-Edit (15ª. edição), eu já tinha visto o deslumbrante ELIS & TOM, só tinha que ser com você, de Roberto Oliveira e Jom Tob Azulay, que registra o trabalho desenvolvido por Tom Jobim, Elis Regina, César Camargo Mariano e outros músicos, para a realização de um disco histórico, Elis & Tom, um dos melhores álbuns da MPB de todos os tempos, gravado em Los Angeles em plena ditadura militar brasileira.  O filme também é ótimo, empolgante, mostrando aspectos da intimidade das relações desenvolvidas por lá, com imagem restaurada em 4K.  Vai entrar em cartaz brevemente, suponho.  É para ficar atento e não perder.

 

O vencedor do Festival In-Edit eu vi e também gostei bastante.  É TERRUÁ PARÁ, de Jorane de Castro, que colhe depoimentos e mostra o trabalho de diferentes vertentes da belíssima música que se faz no Pará, atualmente, que vai do versátil catimbó ao tecnobrega, à música experimental e erudita, com influências que vão dos cantos indígenas aos sons da floresta e da água, da vizinha Guiana e do que é incorporado por lá do que vem de fora da Amazônia.  A natureza complementa o filme com uma beleza que amplia a da música.  O filme é bonito visualmente também. E bem emocionante.  Quem não tem ideia do que estou falando tem de ficar atento se esse filme for lançado nos cinemas em breve.  E deve ser, afinal, ganhou o festival.  É indispensável conhecer essa música incrível do Pará.

 

A programação, que complementei on line, aproveitando o que o festival ofereceu, tinha coisas bem interessantes também, como TANGOS E TRAGÉDIAS PARA SEMPRE, de Aloísio Rocha, e TWIST, de Ron Mann, do Canadá.

 

Do 81/2 Festa do Cinema Italiano, em sua 10ª. edição, neste 2023, só consegui ver SERGIO LEONE – O ITALIANO QUE INVENTOU A AMÉRICA, documentário dirigido por Francesco Zippel, que foi o preferido do público, o filme mais votado.  Sergio Leone (1929-1989) foi um grande inovador e um ousado realizador cinematográfico.  Pode-se atribuir a ele (e  a uns poucos de menor resultado) a criação de um subgênero cinematográfico pra lá de improvável: o western spaguetti.  E a criação foi grande sucesso de público e tem a admiração da crítica, em função do talento criativo de Leone.  Duas enormes obras primas, como “Era Uma Vez no Oeste” e “Era Uma Vez na América” são o maior atestado dessa obra notável, reconhecida e explicada no documentário por gente como Clint Eastwood, Robert De Niro, Steven Spielberg, Martin Scorsese, Quentin Tarantino, Darren Aronofsky, Dario Argento, etc.. Se essa gente diz que seguiu e aprendeu muito com Leone, está tudo dito, não?  Esperemos que o filme seja lançado logo.  É um documentário importante, de peso, para o cinema italiano e mundial.


 

Sergio Leone

E as mostras continuam.  O próprio cinema italiano tem uma segunda parte de atrações, um ciclo chamado de “A Grande Arte”, com filmes sobre Caravaggio, Leonardo da Vinci, Gustav Klimt e Schiele, Tintoretto, Monet, Van Gogh, Picasso, Gauguin e Michelangelo, de 22 de julho a 23 de agosto.  Veja a programação aqui: www.festadocinemaitaliano.com.br

 

A Cinemateca Brasileira apresenta até 09 de julho uma mostra reunindo dois cineastas importantíssimos para a história do cinema: Robert Bresson e Chris Marker.  Recomendo “A Grande Testemunha”, que já citei quando falei do filme “Eo”, e “O Dinheiro”, de Bresson, com sua concisão, precisão, capacidade de contar com clareza uma história, utilizando elipses magníficas. De Marker, vale conferir o seu trabalho documental da realidade e a ficção como reflexo dela.  O pequeno filme experimental “A Pista” (La Jetée) é memorável e surpreendente. Tem uma outra mostra paralela na Cinemateca, simultânea a essa, que apresenta filmes do Cinema Japonês Contemporâneo.  Confira aqui: www.cinemateca.org.br/programação

 

 Ainda de 20 a 26 de julho, o Cinesesc traz uma seleção de filmes da Mostra Aruanda, fazendo a capital paulista respirar a criatividade do novo cinema paraibano.




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