Antonio Carlos Egypto
MEU
VIZINHO ADOLF (My Neighbor Adolf). Israel, Polônia, 2022. Direção: Leon Prudovsky. Elenco: David Hayman, Udo Kier, Olivia
Silhavy, Danharry Colorado, Jaime Correia.
96 min.
Fake News
sempre existiram. Afinal, as pessoas
querem acreditar naquilo que corresponde às suas opiniões e desejos, em que
pese a evidência contrária dos fatos.
Adolf Hitler (1889-1945) continuou no imaginário de muitos como se
tivesse sobrevivido à Segunda Guerra Mundial e não organizado um ritual de
morte de sua família, incluído o próprio suicídio, quando a derrota já estava
consumada, em Berlim.
Em
1960, Adolf Eichmann (1906-1962), um dos principais organizadores do
Holocausto, seria capturado na Argentina pelo Serviço Secreto de Israel. Isso
teve grande repercussão e consequências.
E gerou a busca por outros possíveis figurões nazistas na América do
Sul.
A
combinação dessas duas situações serviu de mote à comédia “Meu Vizinho Adolf”,
dirigida por Leon Prudovsky, em que, em 1960, um vizinho recém-chegado a uma
pequena localidade argentina produz sérias suspeitas em Polsky (David
Hayman). Seria seu novo vizinho o
próprio Hitler? Aí começa uma
investigação com lances de “Janela Indiscreta”, de Hitchcock, e evidências que
se acumulam, apesar da esperada descrença das autoridades locais. Tal investigação acaba levando ao convívio do
velho rabugento Polsky com seu vizinho, o velho rabugento Herzog (Udo Kier), o
suposto Hitler.
O
filme, cujas locações se deram na Colômbia, em Medellín e Bogotá, explora essas
situações com uma comicidade, sim, mas que não chega a ser muito
engraçada. Tempera a comicidade com o
drama pessoal dos dois personagens centrais e o contexto que os envolve. Trabalhando com o tema do Holocausto, nos
remete à questão judaica e humana que o caracteriza, com sensibilidade. Lida, também, com a ambiguidade dos
sentimentos e das relações afetivas em um ambiente previamente conflagrado, o que
leva inevitavelmente ao sofrimento no plano pessoal.
A
proposta é boa, mas se perde ao longo da narrativa, especialmente quando tem de
encaminhar a solução para a situação criada.
Ela não convence, nem é suficientemente explicada para ficar de pé.
De
qualquer modo, temos dois bons atores, já veteranos, que seguram o filme e nos
tocam com seus desempenhos. A fotografia
cria o clima mais adequado aos aspectos lúgubre e dramático da trama, do que
aos quiproquós da “investigação”. Pelo
menos na cópia a que assisti, o filme é demasiadamente escuro, dificultando até
a compreensão visual de algumas cenas noturnas.
Em que pese o tema bastante sério, embora já muito explorado, o que fica
é um entretenimento agradável, nada mais do que isso.
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