Antonio Carlos Egypto
ANDANÇA...
OS ENCONTROS E AS MEMÓRIAS DE BETH CARVALHO.
Brasil,
2022. Direção de Pedro Bronz. Documentário.
110 min.
Quem
gosta de samba e da música popular brasileira certamente conhece a obra da
“Madrinha do Samba”, Beth Carvalho (1946-2019).
Grande cantora, além de instrumentista e compositora, Beth sempre esteve
muito ligada às escolas de samba e aos compositores populares que atuam
nelas. Ou os descobrira nas rodas de
samba, pagode, batucadas pela vida.
Mesmo tendo começado, assim como tantos outros, pela bossa-nova,
influenciada pelo som de João Gilberto.
Só que o sambão falava mais alto ao seu coração. E lá ela dominava o espaço e encantava a
todos.
Beth
tinha uma outra coisa muito boa, que acompanhava a sua vida. Ela gostava de registrar o seu trabalho, seus
encontros, seus espetáculos, em vídeo e fotos.
Fosse em Super 8, VHS, mini-dv ou outra mídia disponível na época, ela
guardava as gravações. Chegou a ter um
volume enorme de registros que exigiram um espaço especial para serem
guardados. Isso começou nos anos 1970. Um material absolutamente precioso.
Foi
esse acervo que deu origem ao documentário que rememora sua incrível trajetória
artística, de onde são pinçados encontros com Nelson Cavaquinho, Cartola,
Eliseth Cardoso, Clementina de Jesus, dona Ivone Lara, Zeca Pagodinho, Luiz Carlos da Vila, Jorge
Aragão, Almir Guineto, Arlindo Cruz, Grupo Fundo de Quintal, Quinteto em Preto
e Branco, Nelson Sargento, Noca da Portela e sua querida Estação Primeira de
Mangueira, etc., etc..]
Com Nelson Cavaquinho |
“Andança”,
que dá título ao filme, foi uma música de muito sucesso, que alcançou o
terceiro lugar no Festival Internacional da Canção de 1968, composição de
Edmundo Souto, Paulinho Tapajós e Danilo Caymmi. Uma entre as muitas lançadas por Beth, como
“As Rosas Não Falam”, “Folhas Secas”, “Vou Festejar”, “Coisinha do Pai”, entre tantas
outras que compunham LPs ou CDs, lançados ano a ano e em shows eletrizantes.
As
gravações do filme são amadoras, Beth não era cineasta, e refletem as
possibilidades tecnológicas do momento em que foram gravadas. Constituem, no entanto, um acervo precioso e
absolutamente encantador, que nos envolve todo o tempo, não importando os
riscos e chuviscos que apareçam. Que
maravilha que Beth preservou o seu trabalho, para nós, para depois de ter
partido desta terra. Ficará para sempre
na nossa memória.
À
grande artista que foi Beth Carvalho se soma a cidadã, e sua participação
política na sociedade brasileira, pela democracia, com sua visão progressista e
popular, como era sua própria vida no meio do povo que batuca, canta, dança,
desfila, discute e questiona, se alegra e ama.
Vale a pena revisitar Beth em suas andanças.
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