terça-feira, 28 de setembro de 2021

ZIMBA

Antonio Carlos Egypto

 

 



ZIMBA, dirigido por Joel Pizzini, é um documentário nacional que resgata o trabalho importantíssimo para o teatro brasileiro do polonês Zbigniew Ziembinski (1908-1978).  Ele aportou por aqui nos anos 1940, adotou o país e foi adotado pelo Brasil.  Ficou aqui até morrer e transformou o nosso teatro.  Na verdade, criou o teatro moderno brasileiro contando com sua bagagem europeia, já então muito rica e variada, como ator e encenador.

 

Dirigiu peças que marcaram a história teatral do país, montagens de tal modo inovadoras, em todos os aspectos, que nunca deixarão de ser citadas e lembradas.  É o caso de “O Vestido de Noiva”, de Nelson Rodrigues, em 1943, remontada por ele nos anos 1970.  Foi Ziembinski quem transformou Nelson Rodrigues em escritor teatral, a partir do reconhecimento da importância do texto, da sintaxe e da representatividade cultural do autor de “A Vida Como Ela É”, coluna jornalístico/literária famosa.

 

Zimba teve atuação fundamental em grupos como “Os Comediantes”, no Teatro Brasileiro de Comédia, o TBC, na companhia cinematográfica Vera Cruz, no teatro exibido pela TV, na formação de atores e atrizes que se destacaram e se tornaram nomes de primeira grandeza do teatro brasileiro. 

 

O filme ZIMBA faz uma seleção e uma colagem a partir de um vasto material sobre Ziembinski em uma montagem sofisticada.  Revela a figura e sua obra, ao longo do tempo, indo e vindo, sem nunca perder o fio da meada nem o foco na arte, que é o que importa.  Não se preocupa com didatismo, mas consegue explicar tudo muito bem para quem não saiba de quem se trata.  A personalidade de Zimba e seus métodos de trabalho estão lá por inteiro.  Os sentimentos que ele sempre despertou nos outros, sua capacidade criativa e revolucionária, a importância cultural que ele legou ao seu país de adoção.  Tudo isso num ritmo ágil e envolvente, contando com a narração de Nathalia Timberg, Camilla Amado e Nicette Bruno.  Um registro indispensável para o teatro e a cultura brasileiros que o documentário realiza com grande competência em apenas 78 minutos.

 

 

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