quinta-feira, 9 de setembro de 2021

A ÚLTIMA FLORESTA

Antonio Carlos Egypto

 

 



Filme de encerramento do festival É Tudo Verdade 2021, A ÚLTIMA FLORESTA, dirigido por Luiz Bolognesi, tem roteiro do diretor e de David Kopenawa Yanomami, 74 min.

 

O documentário trata da tribo Yanomami, isolada, na região amazônica em que se encontram Brasil e Venezuela.  Mas, como diz o filme, os Yanomami já estavam lá quinhentos anos antes de existirem os dois países.

 

O xamã David Kopenawa Yanomami, uma importante liderança indígena, tem lutado pelo seu povo, para preservar seu território, suas tradições, os relatos de sua origem e a relação com os espíritos da floresta.  Para isso, precisa se dedicar a combater os garimpeiros que invadem as terras, trazendo morte e doenças. 

 

Uma invasão devastadora ocorreu nos anos 1980.  Com a demarcação das terras nos anos 1990, a situação melhorou, mas nunca foi absolutamente tranquila.  Só que nos dois últimos anos o governo federal tem facilitado e até estimulado a ação dos garimpeiros.  Pelo menos, não tem fiscalizado ou punido as ações.  Está mais difícil para eles agora.

 

David deu as coordenadas desse trabalho documental sobre sua tribo, buscando revelar o mundo Yanomami ao observador de fora, no caso, nós, os espectadores no cinema.  Mesmo que em casa, como acabou sendo o caso.

 

A gente se delicia com as histórias de criação da tribo, que nos soam ingênuas, claro, mas bonitas, poéticas, cheias de fantasia.  O relacionamento das pessoas da tribo, com seus rituais, com as plantas, os rios e cachoeiras, os animais.  Essa simbiose com a natureza, que acolhe, celebra, dá saúde, força e cura, tem alegria.  O perigo é o homem branco, que vem para invadir, sugar da terra o lucro, desagregar.  E, especialmente, contaminar as águas com mercúrio, além de romper o equilíbrio da vida daquele povo.

 

Já é uma longa história de luta pela preservação da comunidade, que parece nunca ter fim, com seus altos e baixos.  É preciso estar sempre alerta e cada vez com mais intensidade.  Infelizmente, para o povo Yanomami.

 

O filme nos faz conhecê-los melhor e nos alerta, mais uma vez, para o que está acontecendo na Amazônia, essa devastação florestal intolerável, que compromete o planeta e sufoca as populações indígenas.



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