Antonio Carlos Egypto
Enquanto passo estes longos períodos
em casa, quero registrar quão importante é o trabalho dos entregadores. E como são justas suas reivindicações. Por aqui, tudo chega em casa, bastando um
telefonema ou um pedido por WhatsApp. A
lista semanal do supermercado é entregue, praticamente, sem erros. Assim como a pizza. Passa o carro das pamonhas. O galão de água chega pouco depois do pedido. A farmácia, sem dúvida, entrega, sempre que
necessário. A banca de frutas, quando
acionada. Uma revista semanal, a Carta
Capital, uma eventual Piauí e até um jornal impresso ocasional, também chegam
na porta. A vacina contra a gripe foi
aplicada no portão de casa, pela equipe da UBS, circulando para atender a toda
a cidade.
É evidente que os três quilômetros e
meio de extensão de Águas de São Pedro facilitam tudo isso, mas é um privilégio
do qual sou extremamente grato. Apesar
de frequentar a cidade há 20 anos, não tinha o hábito de acionar esses
serviços, mas é fantástico poder contar com eles, num momento em que é
recomendável ficar em casa o maior tempo possível.
Ingmar Bergman |
Não poderia deixar de incluir na
programação em DVD que estou fazendo em casa algum filme de Ingmar Bergman
(1918-2007), um dos meus cineastas favoritos.
Vi, então, dois filmes da fase inicial da produção dele, “Prisão”, de
1949, e “Juventude”, de 1951. Esse
último faz parte da coleção de Bergman da Versátil Home Vídeo. As preocupações e reflexões do mestre sueco
já estão claramente marcadas nesses filmes.
Em “Prisão”, a discussão vai para o
lado de que o mundo só pode estar sendo governado pelo demônio, tais são as
desgraças, guerras e iniquidades que vivemos.
Um deus misericordioso não permitiria isso.
Em “Juventude”, uma bailarina revive
suas lembranças do primeiro relacionamento amoroso. O filme lida poeticamente
com a memória, o amor e a dor, em extraordinária fotografia em preto e
branco. Ingmar Bergman, realmente, nunca
decepciona. Sua obra permanece forte e
atual.
Um filme que reúne três contos de
Edgar Allan Poe (1809-1849), realizado por grandes diretores e com um elenco
magnífico, deu um toque de terror psicológico a uma das minhas sessões
caseiras.
O filme, de 1968, chama-se “Histórias
Extraordinárias” e inclui “Metzengerstein”, dirigido por Roger Vadim
(1928-2000), com os irmãos Jane e Peter Fonda vivendo uma história de amor
estranha, de primos, que do desprezo evoluem para a paixão, marcados pelo
incêndio num estábulo, em que poderá sobreviver o corcel negro que estava numa
bela tapeçaria do castelo.
O segundo conto, “William Wilson”,
dirigido por Louis Malle (1932-1995), tem Alain Delon e Brigitte Bardot como
protagonistas. William Wilson,
ex-soldado do exército austríaco, convive com seu duplo, alguém que sempre
entra em cena para alterar seus planos ou interferir em suas ações.
“Toby Dammit” é o conto filmado por
Federico Fellini (1920-1993), em estilo surrealista, com Terence Stamp como
protagonista. Ele faz um ator arrogante
e temperamental, que comparece bêbado a uma cerimônia de entrega de prêmios, em
que seria homenageado, e põe tudo a perder.
A partir daí ele perde o senso e o contato com a realidade, encontrando
uma garotinha simpática e sorridente em meio ao caos. “Histórias
Extraordinárias” é um filme muitíssimo interessante, que eu não via desde que
comprei o DVD, há muito tempo. Sei que
há um relançamento pela Versátil Home Vídeo, numa caixa.
Também revi, claro, “O Dia em que a
Terra Parou”, de 1952, dirigido por Robert Wise, com um elenco muito bom:
Michael Renne, Patricia Neal, Hugh
Marlowe, Sam Jaffe, John Carradine. A
espaçonave alienígena que, aterrissando em Washington, D.C, fez a terra parar
por um dia apenas, não imaginou quantos dias um vírus poderia fazer a terra
parar. No filme, o alienígena quer
alertar os líderes mundiais de que o nosso planeta está à beira da extinção e
demonstrará seus poderes para ensinar algo importante aos humanos. Veja só.
Em 1952. Não adiantou, pelo
jeito. O filme é da coleção de DVDs Fox
Classics, da Twenty Century Fox. Por
hoje basta.
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