MAYA (Maya). França, 2018.
Direção e roteiro: Mia Hansen-Love.
Com Roman Kolinka, Aarshi Banerjee, Suzan Anbeh, Judith Chemia, Alex
Descas. 105 min.
O improvável encontro amoroso entre Gabriel
(Roman Kolinka), repórter de guerra, e Maya (Aarshi Banerjee), uma jovem
indiana, parece inviável. Ele, aos 30
anos, já tem experiências de vida muito fortes, enquanto ela é uma adolescente
que leva uma vida tranquila, no seu espaço, certamente em busca de voos
maiores, mas até aqui as tradições que a prendem falaram mais alto.
Esse encontro se dá porque Gabriel resolve
revisitar a Índia de sua infância, sua cidade original, Goa, onde vivem seu
padrinho e a jovem Maya, e Mumbai (Bombaim), onde vive sua mãe, de quem ele
sempre esteve distante. De passagem, ele
vai a outras localidades da Índia, o que permite à diretora francesa Mia
Hansen-Love explorar belezas e sítios históricos do país.
Gabriel acabou de passar por uma experiência terrível,
ao cobrir a guerra da Síria e ser sequestrado e cativo dos terroristas do ISIS,
por quatro meses, escapando literalmente de ser degolado por eles. O que aconteceu, de fato, a um colega
jornalista. Mas ele reluta em assumir
uma notoriedade e uma espécie de heroísmo, ao lado de outro colega, ambos
devolvidos à França numa negociação com o então chamado Estado Islâmico. Em vez de permanecer em Paris, prefere ir ao
encontro de suas origens indianas.
A história é boa, prende a atenção, apesar de
que o roteiro claudica em uns tantos momentos.
A filmagem, porém, de muita beleza e atualidade, compensa um pouco
isso. O filme é falado em francês e
inglês.
O elenco é muito bom. A química entre Roman Kolinka e Aarshi
Banerjee vai bem, são ótimos desempenhos.
E há sempre uma expectativa no ar quanto ao que pode acontecer.
O que move um correspondente de guerra? O que ele busca, quando se dirige ao centro
do conflito, sabendo dos enormes riscos envolvidos? Por que caminha para os lugares de onde todos
estão fugindo? Essas são questões que se
colocam diante do personagem Gabriel e que não deixam de ser enigmáticas. Há mais coisas entre o céu e a terra do que
supõe a nossa vã filosofia, diria Shakespeare.
Isso vale para o inescrutável ser humano que, muitas vezes, nos soa como
muito estranho, incompreensível, até. Os
caminhos da mente são surpreendentes.
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