Os filmes não param de estrear nos
cinemas. No ano passado, foram mais de
400 lançados na programação regular (sem contar mostras e festivais), o que
representa mais de um filme por dia. Não
dá para ver nem comentar tanta coisa.
Mas vou dar uma passada em alguns lançamentos que ainda não abordei por
aqui, que já estão em cartaz, ou entram em seguida.
O filme goiano DIAS VAZIOS, de Robney Bruno Almeida, com base no romance “Hoje
Está Um Dia Morto”, do também goiano André De Leones, coloca em evidência a
vida dos jovens em pequenas cidades, onde eles não encontram perspectivas. A partir de dois casais de namorados, um, do
presente, outro, do passado, o motivo do suicídio de um jovem e do desaparecimento de sua namorada trazem
um mistério a ser desvendado e a certeza de que as coisas podem ser mais
complexas do que parecem. Produção de
2016, com um bom elenco predominantemente jovem. 103 minutos.
O filme mexicano COMPRA-ME UM REVÓLVER nos coloca num mundo hipotético futuro, em
que o México estará tomado pelos grupos armados que imporão suas regras e sua
violência a todos, sem critério ou contestação possível. As mulheres estão desaparecendo, vivem
escondidas como se fossem homens ou cobertas por máscaras. Elas não têm cabida num mundo assim. Será, no
entanto, uma menina que terá papel heróico numa trama estranha e sinistra, que
pode ser uma premonição terrível do mundo que virá, de pura violência, embalado
pelas armas. Direção de Júlio Hernández
Cordón, com Ángel Leonel Corral, Matilde Hernández, Rogelio Sosa. Produção de 2018, 90 minutos.
Vem da Índia A COSTUREIRA DOS SONHOS, da diretora Rohena Gera, que é uma
produção de 2018, bem realizada, que vai agradar especialmente aos que curtem
um bom folhetim. Uma daquelas histórias
de amor impossível, em que o peso das castas indianas, com suas barreiras
intransponíveis, impede que o afeto se converta em desejo e amor genuíno. O elenco com Tillotama Shome e Vivek Gomber nos
papéis principais mostra talento e dá bem conta do recado. 99 minutos.
O filme estadunidense MA, de 2018, traz Octavia Spencer como protagonista, o que já seria
uma indicação para ver o terror dirigido por Tate Taylor. Mas a personagem Maggie, a Ma do título, age
com base numa psicologia de almanaque.
Sabe aquela história de trauma infantil, vingança com base em humilhação
dos colegas e de garotos desejados, que deságua em matanças descontroladas,
violência e maldades sem fim? Pois
é. Tem um subtexto de discriminação
racial, é verdade. Mas não
convence. Trata-se de uma adulta que
seduz adolescentes com bebidas grátis, espaço para festinhas, e os diverte com
seu jeito maluco. Tudo termina espalhando um terror que é pura violência. Quase não tem suspense. Só para quem gosta do gênero, e olhe lá. 100 minutos.
Mais criativo e original é o filme do Reino
Unido EU NÃO SOU UMA BRUXA, da
diretora da Zâmbia, Rungano Nyoni.
Conhecemos um campo de bruxas no meio do deserto, todas com longas fitas
acopladas ao corpo para não voarem, que recebem um novo membro, Sulha (Margaret
Mulubwa), de apenas 8 anos de idade, acusada de ser bruxa. Ela mesma tem de reconhecer isso, sabe-se lá
como, ou vai virar cabra. Ela passa,
então, a ser controlada pelo Estado e obrigada a aprender e cumprir as regras
da bruxaria. Passa a sofrer as
hostilidades dos habitantes da localidade, que a temem, esperam dela milagres
(como fazer chover, por exemplo) e a rejeitam fortemente. É surreal, mas traz um questionamento
cultural de um modelo de crenças, valores, modos de exercer o poder e subjugar
a mulher, que mexe com o espectador. A
produção, de 2018, é bem caprichada, com uma bela fotografia e um bom
elenco. 94 minutos.
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