A PÉ ELE NÃO VAI LONGE (Don’t Worry, He Won’t Get Far On Foot). Estados Unidos, 2017. Direção: Gus Van Sant. Com Joaquin Phoenix, Jonah Hill, Rooney Mara,
Jack Black. 113
min.
O mais recente trabalho de Gus Van Sant (de
filmes, como “Paranoid Park”, 2007; “Elefante”, 2003; e “Drugstore Cowboy”,
1989) é uma cinebiografia do cartunista John Callahan
(1951-2010), de Portland, Oregon, USA.
O cartunista obteve bastante sucesso com seu
humor perverso, demolidor, para quem nada é tabu. Mas que alcançava com traços simples,
sorrisos irônicos e boas risadas. Era tetraplégico e fazia piada até da própria
deficiência, assim como de qualquer outra vulnerabilidade. Um humor corrosivo, que também incomodava
muito, o que pode ser visto como mérito.
Talento não lhe faltava.
O filme, porém, ao tratar da figura do
cartunista, vai muito além do seu trabalho.
A condição de tetraplégico derivou de um acidente automobilístico
terrível, provocado por ele próprio e um amigo, totalmente embriagados e agindo
da forma mais irresponsável possível. Só
que não foi um fato isolado. Callahan era
um alcoólatra contumaz. E nunca buscou
ajuda para tentar, ainda que fosse em pequena escala, ter a situação sob
controle. Só foi atrás dela depois que
sobreviveu ao acidente.
Foi por meio dos Alcoólicos Anônimos, e seus
famosos Doze Passos, que ele se reencontrou consigo mesmo e com a vida. O filme mostra essa atuação como algo
positivo, muito sério, consistente e profundo.
Sabe-se que nem sempre é assim e que o moralismo embutido aí, assim como
o caráter mecânico e repetitivo dos rituais dos AA, também são objeto de
crítica. Ao que tudo indica, porém,
funciona, na maioria dos casos.
O ponto alto do filme de
Gus Van Sant é o desempenho, sempre marcante, de Joaquin Phoenix como
protagonista, num daqueles papéis que exigem tudo e mais um pouco do ator.
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Estão entrando em cartaz agora alguns grandes
filmes, exibidos na 42ª.Mostra, e que são finalistas na disputa pelo Oscar de
filme estrangeiro, já comentados aqui : CULPA,
de Gustav Möller (Dinamarca) e ASSUNTO DE FAMÍLIA, de Hirokazu Kore-Eda (Japão),
nos cinemas. ROMA, de Alfonso Cuarón (México), no Netflix.
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