EM PEDAÇOS (Aus Dem Nichts).
Alemanha, 2017. Direção e
roteiro: Fatih Akin. Com Diane Kruger,
Numan Acar, Ulrich Tukur. 106 min.
Um thriller assustador, provocador, que faz pensar... e muito. “Em Pedaços”, trabalho do cineasta alemão de
ascendência turca Fatih Akin, mexe fundo na ferida do preconceito, no papel da
justiça, na violência que gera mais violência, no dilema moral que se apresenta
em situações desesperadoras.
Muito bem realizado, com um diretor que não só sabe filmar bem, mas sabe
o que quer e que debates impulsionar. Foi
reconhecido pelo Globo de Ouro e pelo Critics’ Choice Awards como o melhor
filme estrangeiro do ano e Diane Kruger foi premiada como atriz em Cannes. Foi, ainda, o indicado pela Alemanha para
entrar na corrida do Oscar, mas ficou de fora da lista final.
A personagem Katja, em brilhante desempenho de Diane Kruger, vê o mundo
desabar aos seus olhos quando concretiza que perdeu tudo o que dava sentido à sua existência. Alemã, casada com um turco e com um filho de
7 anos que adorava, vê a vida deles ceifada por uma bomba, colocada no
escritório do marido no dia em que o menino foi lá com o pai.
A morte brutal ela saberá que não veio de nenhum muçulmano radical, como
se pretendia, não tinha a ver com imigrantes ou com bandidos vindos de
fora. Era um produto genuinamente
alemão, tão loiro quanto ela: um grupo de neonazistas. Envolvia até uma bela jovem alemã, que ela
havia visto estacionar sua bicicleta no local do escritório.
Como Katja lidará com essa situação demolidora é o que o filme
desenvolverá, numa narrativa pra lá de envolvente e que mantém o suspense até o
final. Provoca reações na plateia, que
convidam a uma conversa daquelas de pensar na vida, nas sociedades do mundo
atual, nos rumos da própria humanidade, nas nossas escolhas e nos nossos
destinos. Nas contingências da
existência, enfim.
O fato de abordar crimes praticados por neonazistas é muito oportuno, num
momento em que o mundo parece fazer uma inflexão pela extrema direita e as
diversas expressões do fascismo têm sobressaído de onde menos se esperava. Se muitos países enveredarem por esse
caminho, a intolerância e as guerras, com certeza, recrudescerão. Tomara que seja só um pesadelo
passageiro. Continuo querendo acreditar
que a humanidade ainda tem jeito. Nem
que seja ocupando o espaço e encontrando a Terra 2, como indicava o gênio de
Stephen Hawking que, infelizmente, acabou nos deixando, mas após ter cumprido
uma fantástica missão na terra.
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