Antonio Carlos
Egypto
Tem bloco na rua, desfile de Escola de Samba,
baile à fantasia, muita gente viajando.
Mas São Paulo comporta muito mais coisa além disso. Tem bom cinema, antes, durante e depois do
carnaval. E o ano todo.
Nessa época, o Oscar costuma galvanizar as
atenções, ainda que muitas vezes os filmes selecionados decepcionem. O marketing
é forte e a tradição ajuda a levar mais gente aos cinemas, o que é muito
bom. Mas nem só de Oscar vive o cinema
por aqui.
Na Cinemateca Brasileira já começaram os Dias de Cine Esloveno. Até dia 18 de fevereiro, estão sendo exibidos
7 longas produzidos na Eslovênia, alguns em parceria com outros países. O único filme esloveno que eu me lembro de
ter visto foi “Slovenian Girl”, produção de 2009, que foi exibida nos cinemas
por pouco tempo e era um bom trabalho sobre o tema da prostituição. Nessa mostra de agora vai ser possível
conhecer um pouco mais desse cinema e do próprio país, ambos pouco presentes na
vida brasileira.
Há lugar para os clássicos, também. O Instituto Moreira Salles, da avenida
Paulista, programou para os meses de fevereiro e março o ciclo Kenji Mizoguchi,
com 18 longas do famoso diretor japonês, nascido em 1898 e falecido em
1956. Mizoguchi forma, ao lado de
Yasugiro Ozu (1903-1963) e Akira Kurosawa (1910-1998), a trinca de ouro do
cinema japonês de todos os tempos.
KENJI MISOGUCHI |
Brilhante criador, marcado por longos
planos-sequência, uma câmera que explora magnificamente os espaços, personagens
femininas fortes e diversificadas, inseridas num contexto social de relações de
poder, conflitos de classe, guerra, fome, morte, mesclando violência e serenidade. É uma ótima oportunidade para conhecer, ou
rever, essa obra tão importante da história do cinema. Alguns desses filmes de Kenji Mizoguchi foram
lançados em duas caixas de DVD’s caprichados, da Versátil. É uma alternativa para quem não puder acompanhar
os filmes na telona, o que é muito mais interessante.
LUCHINO VISCONTI |
De 01 a 14 de março, é a vez do Cinesesc
exibir uma retrospectiva completa de Luchino Visconti (1906-1976). Serão 17 longas, sendo 12 cópias em 35 mm e
5, em digital, que cobrem toda a obra do grande cineasta italiano, sendo 3
desses filmes em parceria com outros diretores.
Visconti foi um dos maiores realizadores da história do cinema, tanto na
temática densa que cobria a história, a vida social, as relações amorosas, de
poder, a arte, quanto pela estética deslumbrante e pela reconstituição de época
e de ambientes para lá de requintados. O
diretor de “O Leopardo”, “Ludwig”, “Os Deuses Malditos”, “Morte em Veneza”,
“Rocco e seus Irmãos”, merece muitas idas ao cinema nesse período. Quem não conhece bem o trabalho dele, então,
tem uma oportunidade de ouro de se inebriar com a altíssima qualidade
cinematográfica do mestre Visconti.
A grande mostra de filmes “Sonora: Ennio
Morricone”, que já comentei aqui, continua no Centro Cultural Banco do Brasil –
SP, até 19 de fevereiro. Motivos não
faltam para ir ao cinema, fora do circuito regular, com sessões a preços bem
acessíveis ou mesmo gratuitas.
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