Antonio Carlos
Egypto
O DESTINO DE UMA NAÇÃO (Darkest Hour). Reino Unido,
2017. Direção: Joe Wright. Com
Gary Oldman, Kristin Scott Thomas, Ben Mendelsohn, Lily James, Ronald Pickup. 126 min.
“O Destino de uma Nação” é
o segundo filme, proveniente do Reino Unido, no ano de 2017, que coloca Winston
Churchill (1874-1965) em evidência. O
outro foi “Churchill”, de Jonathan Teplitzky, que focaliza o estadista se
questionando e sendo questionado no período decisivo da vitória, na Segunda
Guerra Mundial, quando da invasão da Normandia, no famoso Dia D. O ator Bryan Cox compôs Churchill muito bem
(veja crítica aqui, no cinema com recheio).
Aqui, a proeza de compor
Churchill coube a Gary Oldman, que está ótimo, irreconhecível, para viver o
papel. É o favorito para o Oscar de
ator, por sinal. A situação é outra, é o
período anterior, em que a Inglaterra cogitava negociar com Hitler e Mussolini,
entregando parcialmente os pontos, tentando salvar o que pudesse. O que virou o jogo foi justamente a liderança
e o arrojo do primeiro ministro Winston Churchill, que, sendo capaz de ouvir
seu povo, passou a contar com ele, o que acabou possibilitando a salvação
milagrosa do exército britânico, encurralado em Dunquerque. Um líder político capaz de decidir com
firmeza, ainda que tivesse suas próprias dúvidas e medo de errar, é fundamental
numa hora dessas. A história tem suas
próprias determinantes e seu próprio ritmo, mas as pessoas fazem muita diferença
e imprimem sua marca nos acontecimentos.
Não surpreende a fixação na
figura de Churchill ser tão forte até os dias de hoje. Não só para louvar seu papel e liderança
decisivos, mas para mostrar o lado questionável e polêmico do político. Isso fica claro, tanto em “O Destino de uma
Nação” quanto em “Churchill”. Neste
último, até surpreende pela figura vulnerável que apresenta. Mas “Darkest Hour” parece muito mais
convincente, ao valorizar, numa medida que me parece justa, a figura decisiva
do primeiro ministro, que passou para a história, com honras e glórias. Porém, tanto o personagem era polêmico que,
depois da vitória na guerra, perdeu as eleições na Inglaterra.
A batalha de Dunquerque,
que consistia em resgatar os soldados britânicos da morte certa, foi, em 2017,
também objeto do filme “Dunkirk”, de Christopher Nolan (também analisado aqui
no cinema com recheio), que acaba sendo um complemento perfeito para “O Destino
de uma Nação”, ambos na disputa do Oscar 2018.
A presença do personagem de
Churchill em dois filmes diferentes produz um exercício interessante, para
entender a complexa figura sob diferentes ângulos, além do papel importante de
sua mulher, Clementine, aqui no desempenho de Kristin Scott Thomas, e de sua
secretária pessoal, em momentos marcantes de suas decisões.
Joe Wright faz um filme
convencional, na forma, mas bastante interessante de se ver, pela história que
conta e pelo envolvimento emocional com o personagem e seus dilemas
políticos. A questão política está bem
trabalhada no filme, suas tensões e o suspense que gera funcionam como
elementos que fisgam o espectador.
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