quarta-feira, 29 de novembro de 2017

ASSASSINATO NO EXPRESSO DO ORIENTE

 Antonio Carlos Egypto




ASSASSINATO NO EXPRESSO DO ORIENTE (Murder on the Orient Express).  Estados Unidos, 2017.  Direção: Kenneth Branagh.  Com Kenneth Branagh, Tom Bateman, Leslie Odom Junior, Daisy Ridley, Johnny Depp, Michelle Pfeiffer, Penélope Cruz.  114 min.



Uma nova versão cinematográfica do livro policial de Agatha Christie, de 1934, “Assassinato no Expresso do Oriente” entra em cartaz.  Já havia uma versão, de 1974, dirigida por Sidney Lumet.  Agora, coube ao britânico  Kenneth Branagh a incumbência de dirigir o filme, além de interpretar o famoso detetive Hercule Poirot, o protagonista da história.

Essa nova versão de “Assassinato no Expresso do Oriente” é uma produção caprichadíssima, sofisticada, que contou com muitos recursos e um elenco de grandes atores e atrizes.  Kenneth Branagh dirige e contracena com Michelle Pfeiffer, Penélope Cruz, Judi Dench, Johnny Depp, Derek Jacobi, Willem Dafoe e tantos outros menos famosos.  Afinal, são treze personagens que se encontram num trem, que acaba ficando parado por conta de uma nevasca que o descarrilha.  Aí ocorre um assassinato e todos são considerados suspeitos.  E todos têm, também, um segredo.

Para quem gosta de histórias policiais, acompanhar uma trama, desvendar quem é o culpado, se divertir com os maneirismos de um detetive genial, porém, excêntrico, uma boa  pedida. A genialidade do detetive Poirot, na verdade, passa dos limites.  Qualquer pequeno indício que ninguém notaria torna-se uma pista valiosa. E, também, parece surgir do nada, magicamente. Assim, as pistas se acumulam de modo a esticar o mistério e deixar tudo suspenso no ar.






Por outro lado, com tantos personagens, a trama tende a se dispersar e até a aborrecer.  Branagh foi econômico na caracterização dos personagens e, ao contar com intérpretes famosos, pôde minimizar a confusão que poderia haver entre um personagem e outro.  Com atores e atrizes tão conhecidos, torna-se mais fácil identificá-los.  Um elenco dessa qualidade também acaba produzindo desempenhos que se destacam e dão um charme especial a um enredo, que nem é assim tão brilhante.

Ressalte-se, porém, o talento do cineasta/ator.  O filme é bonito, com panorâmicas espetaculares, caracterização de época muito competente, cenários e locações nostálgicos.  O filme transporta o espectador à época dos trens românticos, que enchiam de fumaça os ares mas tinham a sofisticação das casas nobres.  As pessoas, com aparência e vestuários exuberantes, incluindo um bigode exageradíssimo do detetive, contribuem para compor o quadro de um tempo que tentava se reencontrar após a chacina da Primeira Guerra, enfrentava a crise econômica mundial, mas não resistiria à arrasadora Segunda Guerra Mundial.  Não que Agatha Christie focasse a discussão por aí, a questão toda se resume a entretenimento.  Mas os preconceitos já estavam lá, nas colocações racistas ou pejorativas que envolviam os personagens e situações.  O que Kenneth Branagh destaca muito bem.

Enfim, um belo filme para preencher uma tarde ou noite com diversão, beleza, suspense e humor.  Pelo jeito, a Fox está prevendo um sucesso econômico à empreitada.  A cena final já anuncia Poirot sendo chamado para ir ao Egito, desvendar uma morte no Nilo, referência a outro livro da mesma autora, que deve ser a próxima produção, a ser novamente estrelada, e talvez dirigida, por Kenneth Branagh.  Se a bilheteria de agora compensar o investimento, naturalmente.




Um comentário:

  1. O primeiro problema está na construção de Poirot e dos outros passageiros que estão no trem na maior parte do tempo, o detetive parece apenas uma caricatura excêntrica. Amei o trabalho de Kenneth Branagh no filme, lembro dos seus papeis iniciais, em comparação com os seus filmes atuais, e vejo muita evolução, mostra personagens com maior seguridade e que enchem de emoções ao expectador. Desfrutei muito sua atuação neste filme: Dunkirk, um melhores filmes de ação do 2018 sem dúvida, no filme ele cuida todos os detalhes e como resultado é uma grande produção e muito bom elenco.

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