Antonio Carlos
Egypto
O MUNDO FORA DO LUGAR (Die Abhandene Welt).
Alemanha, 2015. Direção e
roteiro: Margarethe von Trotta. Com
Barbara Sukowa, Katja Riemann, Mathias Habich, Robert Seeliger. 101 min.
“O Mundo Fora do Lugar” é o mais recente trabalho de
Margarethe von Trotta. A diretora e
roteirista alemã já nos deu filmes importantes sobre grandes mulheres da
história, como “Rosa de Luxemburgo”, de 1985, e “Hannah Arendt”, de 2012. Foi casada e trabalhou como codiretora com
Volker Schlöndorff, importante cineasta do novo cinema alemão. Trabalhou como atriz em muitos filmes,
inclusive de Rainer Werner Fassbinder, a grande figura de renovação do cinema
alemão nos anos 1970.
Tem em Barbara Sukowa sua atriz favorita e foi ela
quem encarnou tanto Rosa de Luxemburgo quanto Hannah Arendt. Em “O Mundo Fora do Lugar”, Barbara Sukowa é
novamente protagonista, mas não encarna uma figura histórica. Aqui ela faz a diva da ópera, Caterina
Fabiana, vivendo em Nova York, descoberta pela Internet por Paul Kromberger
(Mathias Habich), por ser muito parecida com sua falecida esposa, Evelyn, o que
acaba levando Sophie (Katja Riemann), filha de Paul, a uma viagem a partir da
Alemanha, em busca de conhecer essa mulher.
É bom parar a informação sobre a trama do filme por
aqui, para não prejudicar ou antecipar coisas a quem for assistir. “O Mundo Fora do Lugar” segue uma narrativa
linear, mas carregada de mistérios desde o primeiro momento. É preciso se concentrar para não deixar
passar informações sobre os personagens, quem são e que relação têm entre
si. E o que viveram no passado.
A história vai se formando, pouco a pouco. O mistério vai sendo compreendido. Mas, ainda assim, são muitas as surpresas que
aparecem, em cada etapa da narrativa. As
coisas são bem mais complicadas do que podem parecer. É preciso permanecer atento. O que se vê é a
construção de uma trama muito bem engendrada, que o filme vai revelando. Quem gosta de deslindar uma boa história vai
certamente apreciar.
Destaca-se, além de Barbara Sukowa, sempre muito boa,
Katja Riemann que, com muita competência, estrela o filme, estando em cena
quase todo o tempo. O restante do elenco
também está muito bem, mesmo sem ter a importância dos dois papéis femininos
principais. A cena da briga física entre
dois irmãos já anciões, muito bem construída e divertida, é uma prova disso.
O roteiro realmente coloca aquele mundo todo fora do
lugar, mas a produção alemã tem tudo sob seu controle, funcionando muito
bem. Como seria de se esperar, por
sinal.
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