Antonio Carlos
Egypto
LA LA LAND – CANTANDO ESTAÇÕES (La La Land). Estados Unidos,
2016. Direção: Damien Chazelle. Com Ryan Gosling, Emma Stone, Amiée Conn, Terry Walters, J. K. Simmons. 128 min.
A primeira sequência de “La La Land” se passa num
congestionamento. As pessoas vão saindo dos carros e começam a cantar e dançar,
numa coreografia coletiva. Isso remete a
e promete um grande musical, como nos velhos tempos em que Hollywood arrasava,
com Fred Astaire, Gene Kelly, Ginger Rogers, Cyd Charisse, Debbie Reynolds,
Donald O’Connor, June Allyson e muitos mais.
Mas não é o que acontece.
“La La Land” tem mesmo um bom score musical jazzístico e uma bela canção, já premiada no Globo de
Ouro e que deve levar o Oscar, “City of Stars”.
O diretor Damien Chazelle já fez um bom filme sobre músicos tentando
alcançar alta performance, “Whiplash – Em Busca da Perfeição”, em 2014. No entanto, não há bons cantores em cena,
ninguém dança quase nada, as coreografias são de uma simplicidade
incrível. Tudo muito modesto.
Apesar disso, o filme se sustenta como um musical
romântico, porque tem um bom roteiro, bem melhor do que os que envolviam a
maioria dos musicais clássicos.
Em “La La Land”, também aparece a manjada história do
músico e da atriz tentando sobreviver e alcançar sucesso numa Los Angeles
atual, em que é difícil alimentar esperanças e vencer as barreiras. Desbravar os caminhos pode ser muito
complicado, não importa o maior ou menor talento envolvido. E há os sonhos e o mercado, que direciona o
gosto popular. No desenvolvimento da
trama, o que se passa aqui é mais realista, tem um tom crítico e procura
valorizar as escolhas artísticas, em detrimento das fórmulas de sucesso fácil.
A história é envolvente, os protagonistas são bons,
em especial, Emma Stone (premiada no Festival de Veneza e no Globo de Ouro), há
glamour, romance e música. Alguma
ingenuidade permanece, lembrando os musicais antigos. Enfatiza-se a dureza do mundo do espetáculo e
o que ele exige de renúncia da própria vida pessoal e amorosa. Isso num musical romântico!
O entretenimento está garantido, daí o êxito da
empreitada, amplamente premiada. O filme
levou sete prêmios no Globo de Ouro: melhor filme (na categoria comédia ou musical),
direção, roteiro, ator, atriz, trilha sonora original e canção. Ou seja, ganhou em todas as categorias em que
havia sido indicado. Os correspondentes
estrangeiros que atuam em Hollywood amaram o filme. Espera-se algo semelhante, no Oscar. Será que “La La Land” merece tudo isso? Ou um filme com essas características serve
de escape para momentos duros, de crise, de radicalismo e intolerância, como os
que vivemos? Em tempos de Trump e Temer,
melhor sonhar, não é?
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